Se você observar bem, vai perceber que os produtores de frango verde distribuem pelo aviário algumas distrações para os animais. Trata-se de um mercado especial em que as aves são criadas em ambientes bem próximos ao natural. “Frangos e galinhas são bastante curiosos, gostam de bicar as coisas e também de empoleirar”, diz o granjeiro Flavio Roberto Riciati, de Amparo (SP), que trabalha com avicultura há mais de 20 anos e conhece bem o comportamento dos animais. Aves brincando (e o verbo é esse mesmo: brincar!) com acessórios diferentes dentro dos aviários é sinal de saúde e bem-estar.
Frango verde: animais certificados
Para criar frango verde, é preciso obedecer às normas estabelecidas pela empresa certificadora. Uma delas é a distribuição de brinquedos nos aviários, o chamado “enriquecimento ambiental”.
O extensionista Lucas Siqueira Maximino explica que simular um ambiente próximo ao natural estimula o instinto animal e, por isso, contribui para o desenvolvimento das aves. “Das matrizes ao frango de corte, os animais só se alimentam de ração vegetariana e não fazem uso de promotores de crescimento. O frango verde é um produto cem por cento natural”, diz. “Sempre que a ave tem a possibilidade de expressar seu comportamento natural e sua liberdade, o desempenho zootécnico é mais eficiente”.
Enriquecimento ambiental
Para enriquecer o ambiente, nos galpões são colocadas cordinhas de sisal que serão desfiladas pelas aves. “Como não é uma corda artificial, se o animal comer um pedacinho, não faz mal”, diz Lucas. Já os sacos de serragem devem medir 1,5 metro aproximadamente. “E, quando cheios, ficam com cerca 15 centímetros de altura para que as aves possam subir, escorregar e rasgar”, explica. Por fim, a lenha descascada deve ter 1 metro de comprimento por 10 centímetros de espessura para servir de poleiro.
Invista nos acessórios certos
Tudo é técnica de manejo e, por isso, até para oferecer brinquedos é preciso ter critério. Deve-se considerar uma corda de sisal para cada 500 aves, uma lenha e um saco de serragem para cada 1000 aves. Como o galpão é grande, os brinquedos devem ser distribuídos proporcionalmente para que todas as aves tenham acesso ao enriquecimento. “Do ponto de vista sanitário, todo brinquedo, equipamento ou objeto novo introduzido na granja representa um desafio. O processo de desinfecção garante que não estejamos levando patógenos para a granja”, diz o extensionista Guilherme Henrique Silva.
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Os brinquedos são colocados quando as aves estão com mais ou menos dez dias de vida e ficam até o final do lote. Sem os brinquedos, a ansiedade e a agitação dos animais podem resultar em um comportamento agressivo que não é o ideal. “Entre outros desafios, a ave poderia ciscar mais a cama e acabar desenvolvendo um patógeno, o que dificultaria a conversão alimentar. Quando estão mais tranquilos, livres de estresse, os animais se sentem bem e isso reflete na qualidade da carne, ou seja: teremos uma proteína mais saudável para a nossa alimentação”, diz Flávio.
É uma brincadeira, mas uma brincadeira séria. Quando não estão se alimentando ou bebendo água, as aves podem se distrair da melhor forma. “Conforto e bem estar têm tudo a ver com o bom desempenho dos animais. Flávio acredita que isso faz muita diferença nos resultados finais. “O rendimento é melhor, tudo é melhor. Quando o ciclo de produção chega ao final, tenho dificuldade em me despedir das aves. Ainda não me acostumei. Mas o importante é vê-las bem criadas. Isso é gratificante para a gente”, finaliza.