Agronegócio

Conheça os processos envolvidos no nascimento das matrizes de perus

Ovos são importados dos EUA; filhotes nascem no interior de São Paulo e seguem direto para o Rio Grande do Sul.

Nos últimos anos, a avicultura brasileira tem apresentado grande crescimento na produção e a criação de perus acompanha este desempenho. Como o frango de corte, grande parte da produção de carne de peru é exportada. Todavia, o frango de corte tem o consumo no mercado interno bastante consolidado, o que já não ocorre com o consumo de derivados de peru, que se apresenta bastante baixo, apesar do crescimento nos últimos cinco anos. Em média, por ano, o Brasil produz 390 mil toneladas de carne de peru. Quarenta por cento da produção tem como destino o mercado externo e rendem US$ 270 milhões.

No Brasil, a criação de perus vem se tornando altamente especializada, obrigando cada vez mais os produtores e a indústria a buscarem novas tecnologias. Esse fato é decorrente basicamente por dois motivos: o aumento do consumo interno e as exportações de carne e derivados de peru. Assim, os produtos de peru, apesar de ainda manterem sua tradicional demanda sazonalizada, já aparecem permanentemente nas gôndolas dos supermercados e lojas especializadas, alcançando boa gama de consumidores.

Só existem no país dois incubatórios que fornecem aves para os produtores de matrizes de perus. Um deles é o incubatório de perus de Tatuí, no interior de São Paulo. Ele existe há 6 anos e tem sido modernizado desde então. Durante uma incubação nascem, em média, 82% dos ovos incubados na linha fêmea e 70% na linha macho. O índice de descarte está entre 18% e 30% dentro dos padrões aceitáveis. Ovos contaminados, bicados ou inférteis, por exemplo, são descartados, evitando o nascimento de perus inviáveis. O primeiro passo é a descarga dos mesmos, a reclassificação, o embandejamento e a colocação nos carrinhos de incubação, seguindo com o start na máquina de incubação. Ali inicia-se o processo de incubação propriamente dito dos ovos de matrizes de perus.

A marcação dos ovos é feita na origem, onde a equipe de genética que fez a colheita dos ovos, identifica qual é o lote e o aviário, qual é a linha, se é macho ou  fêmea e até mesmo, qual é a data da coleta. São informações muito importantes para a incubação correta, onde tudo é acompanhado no painel de controle. Um painel que monitora todos os parâmetros da máquina, de ambiente, parâmetros mecânicos, com relação à temperatura, ventilação, CO2, viragem, porta aberta, etc. Então, a cada anomalia ela alerta o operador diurno ou noturno com operadores 24 horas, e isso serve para correção das possíveis anomalias que podem acontecer.

Tudo é registrado e monitorado na tela da máquina e, também, transpassadas algumas informações, com o objetivo de manter um histórico também de registro nas planilhas do incubatório. 

O Ligados & Integrados foi acompanhar de perto este processo e conversou com  Lucas André Soares, gerente agropecuário de avós do incubatório.

Como os ovos chegam até o incubatório?

Os ovos são importados da cidade de Leesburg, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Nós solicitamos mensalmente liberações para o Ministério da Agricultura assim como para a Associação Brasileira de Proteína Animal, a ABPA, que dá um parecer técnico favorável. Nós solicitamos a cada genética a importação mensalmente de um volume de aproximadamente de 28.400 ovos.

E por que essa genética precisa ser importada?

Essa genética é importada porque nós não temos a produção de avós de perus no Brasil. Então, nós importamos a matriz diretamente dos Estados Unidos.

E tem algum motivo específico?

Tem. Hoje a nossa demanda de abate, a nossa demanda pela matriz que vai gerar o peru de corte, é um volume médio. Então, não compensa nós termos as avós. Hoje, financeiramente não é viável pelo volume que nós temos, mas nós não descartamos a possibilidade futuramente de ter avós de perus no Brasil.

Por dia, por mês, quantos ovos vocês recebem aqui? Quantos perus vocês tem em média?

Nós fazemos aproximadamente, uma importação mensal, em média, entre 28 mil e 400 ovos. Esse ano, nós temos uma previsão de importar 240 mil e 500 ovos para formar os plantéis de matrizes necessários para a companhia.

Quais são os cuidados com os perus no momento do nascimento? O que os profissionais precisam ficar atentos?

Nós temos alguns parâmetros que precisam ser aferidos após a transferência das aves, por exemplo, a temperatura, a umidade do nascedouro. Então, isso é aferido nessas 600 horas de hora em hora. É um processo chave porque é o que vai gerir a parte final da incubação. A qualidade também está muito voltada para essa fase final, onde nós vamos ter um controle da janela de nascimento, que é tudo o que nós buscamos.

Por que precisa ser feita a coleta logo após o nascimento?

Nós temos algumas coletas que são regidas e orientadas, até mesmo exigidas por normativas do Ministério da Agricultura, em função dessa área ser uma área importada nós temos que fazer algumas análises obrigatórias nessas aves. Então, são recolhidas algumas amostras logo na sequência do nascimento e encaminhadas para o laboratório credenciado no Ministério da Agricultura, o qual após ter os resultados, as monitorias dos resultados recebidos, né, encaminha esse recebimento para o Ministério da Agricultura, o qual na sequência, nos fornece um documento liberatório dessas aves em relação à quarentena. Então, enquanto nós não tivermos resultados desses materiais colhidos no incubatório, nós temos o único destino liberado mediante o processo de importação, o destino final dessas aves, que é como único, nós não podemos ter um segundo movimento antes desse resultado ser um resultado negativo, que é o que se busca, nessas aves estarem ausentes de patógenos, então são liberadas para o segundo movimento.