A inteligência artificial a favor da suinocultura. Pesquisas mostram que estudar os sons produzidos pelos animais, pode ajudar a diagnosticar doenças precoces. E os produtores podem se beneficiar da utilização dessa inteligência.
Segundo a médica veterinária Maria Aparecida Melo Iuspa, os dados que hoje são coletados, manualmente pelos produtores, ou até mesmo por sensores, são a principal matéria-prima dos sistemas de inteligência artificial.
“Até então a produção animal tinha os dados numéricos: de peso, de conversão alimentar, consumo de ração. Mas, o setor de tecnologia tem se aperfeiçoado tanto, que hoje é possível obter dados a partir de imagens, que vão detectar padrões comportamentais, anomalias e agora, também, através da bioacústica. A partir dos sons, a gente pode identificar situações de estresse ou até mesmo, de doenças”, comenta.
Vale ressaltar que a gestão do volume de dados é feita através de algoritmos, dentro desses sistemas de inteligência artificial. O intuito deles é extrair informações importantes, para que o produtor, por exemplo, possa tomar direcionamentos corretos no manejo, com o objetivo de reduzir o custo de produção e melhorar a produtividade.
“No caso da suinocultura, a coleta de dados, ela mudou muito pouco nos últimos anos. Não só na suinocultura, mas na avicultura. E a análise ainda é muito focada nos principais indicadores numéricos de desempenho. No caso da inteligência artificial, ela vai permitir a coleta de um grande volume de dados, o tempo todo. E, através dos algoritmos, o sistema vai predizer os próximos acontecimentos, antes que eles aconteçam”, salienta a médica.
E identificar doenças através dos sons emitidos pelos animais, pode otimizar a produção e melhorar a gestão de suínos. “Não existem vários sistemas, que permitam identificar o status de saúde e bem-estar dos animais. O suíno é um animal que sofre muito com problemas respiratórios, e esses problemas impactam fortemente na produtividade. Aumentam a mortalidade, reduzindo peso, aumentando a conversão alimentar. Então, já existem sistemas que identificam tosses dentro do rebanho. O suíno é um animal que vocaliza muito e esses sistemas conseguem identificar tosses e através dos algoritmos, predizer se algum problema sanitário, está se estabelecendo no plantel e se espalhando”.
Há sistemas também que fazem a detecção de temperatura, chamados de infrared. “Monitoram a temperatura dos animais e aqueles animais que apresentam uma temperatura fora do normal, são identificados como animais que provavelmente estão tendo alguma infecção”.
Assista a entrevista na íntegra: