POR ARIEL MENDES

Calo de patas em frangos: por que ocorrem?

Calos nas patas comprometem a exportação para a China, onde o valor da tonelada de patas supera o da carne de peito

Calo de patas em frangos: por que ocorrem?
Calo de patas em frangos: por que ocorrem?

Você já deve ter visto ou ouvido falar de casos em que alguns frangos criados para corte podem apresentar calos em suas patas ou pododermatites, como são chamadas corretamente pelos especialistas. 

Estas lesões são inflamatórias e necróticas, localizam-se no coxim plantar e/ou nos dedos das patas dos frangos e podem ser superficiais ou profundas, dependendo da gravidade das lesões. 

Más condições da cama relacionadas com a umidade e presença de amônia no aviário; alta densidade de aves, programa de luz inadequado, deficiências nutricionais e mau manejo durante o período de criação tendem a afetar a incidência e a gravidade das lesões, que podem ser de grau zero (nenhuma lesão) a grau 2 (intensa). 

Segundo a professora da Unesp Ibiara Almeida Paz (2010), as pododermatites de grau 1 têm diâmetro de até 5 mm e apresentam desconforto intermediário; as de grau 2 são intensas, com diâmetro superior a 5 mm e ocasionam desconforto eminente ao animal, com redução do seu bem-estar. 

As lesões causam dor e desconforto para as aves, dificultando sua locomoção. Isso impacta em menor consumo de água e ração, além de servirem como “porta de entrada” para microrganismos patogênicos que causam enfermidades. 

Como as aves ficam mais tempo deitadas, isso pode levar ao aparecimento de dermatite de contato, provocando condenações parciais no abatedouro e levando à necessidade de recortar as aves que seriam comercializadas inteiras.  

Com a menor ingestão de água e ração por parte das aves, o lote não permanece uniforme, o que piora o ganho de peso e a conversão alimentar, bem como aumento nas condenações no abatedouro. 

Como o bem-estar das aves é afetado, isso pode levar a uma desclassificação nas auditorias realizadas pelas certificadoras de redes de supermercados, de fast food e de bem-estar animal. 

No abatedouro, a presença de calos de patas conduzem microrganismos  para a área de escalda e evisceração, além de aumentar a necessidade de mão de obra para a limpeza e condenações pela inspeção oficial. 

Essas ocorrências resultam em perdas econômicas severas para a empresa, pois, atualmente, existe um mercado expressivo para a exportação de patas de frangos para a Ásia, principalmente a China, cuja tonelada comercializada pode atingir cifras de  até 3,4 mil dólares, ou seja, maior  que o valor da tonelada de peito in natura exportado para a Europa (3,2 mil dólares).

Dependendo da região e da linhagem, as integradoras trabalham com uma projeção de incidência de lesões e condenações no abatedouro para o tipo de frango produzido. Se os resultados do lote de um integrado estiverem muito acima daquela média regional, o produtor pode ser penalizado financeiramente, com redução na remuneração do lote.

Procure manter a cama seca, diminua a presença de amônia no aviário, por meio do uso adequado de ventiladores, exaustores e placas evaporativas, e faça um manejo correto dos bebedouros, a fim de evitar o derramamento de água na cama.  

A utilização de cal, ou outro produto secante, e a viragem periódica da cama ajudam a mantê-la seca. Quando a cama é reutilizada, o aumento no intervalo entre lotes auxilia no seu tratamento, mantendo a mesma em melhores condições. 

A utilização de zinco e selênio na ração tendem a diminuir as lesões de pele e, consequentemente, de pododermatite, enquanto a suplementação de vitamina E melhora a imunidade das aves, minimizando a contaminação das lesões.  O uso de probióticos melhora a saúde intestinal das aves, resultando em fezes menos líquidas, o que resultará em camas mais secas. 

Suplementos minerais, vitamínicos e de enzimas, que auxiliam na digestão dos alimentos, são de responsabilidade de fornecimento da integradora, bem como a densidade de aves e a definição do intervalo entre lotes. 

Ao integrado, cabe a tarefa de manter a cama em boas condições e isso deve ser feito com trabalho e dedicação diária, pois é ele ou o tratador quem está diariamente no galpão, observando as aves e fazendo a regulagem  dos equipamentos.

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