Agronegócio

Brasil: frango congelado é líder de vendas entre carnes durante isolamento social

Mercado interno de proteína animal está aquecido, mas analistas apostam em alta ilusória, que não deve durar nem mais uma semana

O mercado de carne suína vem batendo recordes de exportação a cada semana. Julia Fabri, repórter do Programa Ligados & Integrados, entrevistou César de Castro Alves, consultor de agronegócio, que destacou um cenário positivo para a proteína mesmo em meio à crise global provocada pelo coronavírus. César afirmou que desde 2018 a parceria comercial entre Brasil e China rende resultados excelentes. “Em janeiro e fevereiro de 2020 exportamos um grande volume de carne suína para lá, e em março os números são bem consistentes. Vemos também grandes quantidades de carne bovina e de frango exportadas, mas a suína é onde reside o maior gap dos chineses. A expectativa é de que o país importe 4 milhões de toneladas até o final do ano. As notícias são anteriores ao coronavírus, mas a China está se recuperando”, explicou.

De acordo com César, 80% de toda a carne suína produzida no Brasil é destinada ao consumo interno, e a exportação do que não fica no país é garantida. “Tanto é que os preços da carne suína em relação ao frango e à carne bovina estão mais sustentáveis. O setor tem margem positiva mesmo com os custos de produção altíssimos, justificados pela alta do milho e do farelo de soja”, disse.  César destacou que o frango, por ser a proteína mais barata, pode sair vencedor ao final da pandemia: “O consumo de carne de frango per capita no Brasil é de 45 quilos, ou seja, bastante elevado. Uma barreira que há alguns anos temos dificuldade de romper. Mas a terceira colocação da proteína suína no mercado interno não ofusca o brilho das exportações”, explicou.

Para César, no momento, um possível problema de logística causado pelo coronavírus poderia trazer preocupações ao Brasil. “A exportação de suínos segue bem e a China está se recuperando da pandemia, mas a fluidez do mercado aqui no Brasil precisa de manter. Os portos estão funcionando e é importante que continuem, porque se tivermos gargalos de logística da ração em direção às granjas, dos animais em direção aos abatedouros e dos alimentos das indústrias aos mercados, todo o agronegócio será prejudicado”, finalizou.

A carne de frango também foi tema do Ligados & Integrados. Em entrevista a Pablo Valler, o analista de mercado Wagner Yanaguizawa explicou que os volumes de exportações caíram nos últimos meses. Por outro lado, os brasileiros estão comprando a proteína congelada para diminuir as idas ao mercado durante a pandemia, o que justifica o aumento de preço em relação ao frango resfriado.

“Por conta do coronavírus, alguns padrões de consumo mudaram, como a preferência por alimentos congelados em detrimento dos resfriados ou frescos. É um pico de demanda que em tese não é real, pois vai acabar sendo compensado nos próximos dias. A preocupação da indústria e do consumidor são as incertezas no curto prazo. Nosso mercado doméstico para a carne de aves é muito forte,  portanto, agora, nossos olhos estão voltados para o mercado interno”, explicou.