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Testes de salmonella acontecem antes, durante e após o abate dos frangos

Medidas preventivas são levadas à risca pelas granjas brasileiras. Protocolos são atualizados ano a ano e atendem à legislação brasileira

As palavras “salmonella” e “frango” na mesma frase não combinam. Proteger a saúde das aves nas granjas é prioridade, porque isso significa proteger a nossa saúde também. Produtores, veterinários e extensionistas, todos os profissionais envolvidos no ciclo de produção, trabalham juntos para combater a bactéria. A médica veterinária e sanitarista Fernanda Brunel, de Forquilhinha (SC), destacou algumas medidas para controlar vetores como cascudinho e roedores e manter os animais livres de contaminações. “É muito importante combater a salmonella na avicultura. Estamos falando de um microrganismo que exige que adotemos os mais variados procedimentos de biosseguridade em todas as etapas do processo produtivo”, disse.

Na unidade em que Fernanda atua, são abatidas aproximadamente 185 mil aves por dia, o que corresponde à produção de 380 toneladas de carne. “Exportamos para os mais diversos países, incluindo a União Europeia. Para atender às exigências desses mercados, precisamos manter nossos plantéis livres de doenças e contaminações. Aqui no frango de corte realizamos frequentemente treinamentos com extensionistas, produtores, motoristas e equipes de apanha, sempre reforçando a importância de mantermos os procedimentos para deixarmos as aves livres da salmonella”, afirmou a veterinária. 

O extensionista Edevanio Fernandes, da mesma unidade, falou sobre os cuidados tomados na granja para o bom controle da salmonella. “Os procedimentos se iniciam já no intervalo entre lotes, logo após o carregamento das aves para o abate, e devem ser finalizados em até 24 horas. Para eliminação dos principais vetores da salmonella, realizamos a limpeza do galpão e dos equipamentos, bem como a desinfecção e o enlonamento da cama. Para o controle de cascudinho, aplicamos inseticida, e para o controle de roedores, limpamos os porta iscas e aplicamos raticida”, explicou. Nas propriedades, as barreiras sanitárias também incluem higienização das mãos, troca de roupa, troca de calçados e arco de desinfecção por onde passam todos os veículos que entram no núcleo. “Além disso, o produtor deve realizar a coleta do suabe de arrasto o mais perto possível do momento do abate para verificar se as aves estão livres da salmonella”, completou. 

O produtor de aves de corte Sandro Fontanella aloja aproximadamente 210 mil aves por lote. Ele afirmou que segue todas as orientações passadas pela equipe técnica para evitar possíveis contaminações. “Doenças como a salmonella representam para nós um impacto financeiro negativo, além de oferecerem riscos à saúde das aves e dos humanos. Produzimos alimentos para o mundo e, antes de qualquer coisa, devemos nos colocar no lugar de consumidores. Nós, produtores, devemos sempre nos perguntar: eu comeria o alimento que estou produzindo? A resposta é: com certeza! Conhecendo todos os rigorosos controles e cuidados tomados no processo e sabendo da nossa responsabilidade, o alimento que produzimos tem toda a qualidade e a segurança necessárias”, disse.   

O médico veterinário João Paulo Zuffo disse que a salmonella é uma enterobactéria, ou seja, uma bactéria que vive no intestino de muitos animais e completa seu ciclo no organismo de outros animais. É nociva, porque pode causar toxinfecção alimentar nos humanos quando ingerida. “Existem tipos diferentes de salmonelas. Algumas são prejudiciais para os animais, outras, para os humanos. Crianças e idosos, por exemplo, são mais suscetíveis às bactérias. Na microbiologia, o termo ‘pressão de infecção’ significa que animais e humanos têm um certo grau de imunidade para prevenir o organismo de muitas doenças, inclusive, da multiplicação de bactérias. Isso significa que, embora possam estar presentes, por meio das medidas de segurança conseguimos manter a pressão de infecção tão baixa que elas não conseguem replicar seu ciclo, não causando doenças”, explicou.

Zuffo explicou o intenso trabalho de prevenção e avaliação. “O rígido controle de pessoas, insetos e animais silvestres na propriedade é muito importante. Estudarmos para combater e diminuir a incidência da salmonella nos plantéis e, principalmente, para que as bactérias não cheguem à granja. Se, por algum motivo, houver falha nas medidas de biosseguridade, trabalhamos para que as bactérias não se multipliquem e sejam extintas dentro do próprio sistema. Além disso, a legislação brasileira prevê que uma vez durante a vida do lote sejam colhidas amostras nos aviários através do contato das botas com as fezes das aves. O material segue para laboratório para uma cobertura completa, certificando que nenhum animal está contaminado. Em caso positivo, todos os cuidados para descontaminar ou eliminar a positividade serão tomados no abate. Mesmo depois do procedimento, cem por cento da carne comercializada será testada para verificação da ausência de qualquer contaminante.  A carne de ave e de suíno é muito segura no Brasil”, finalizou.