Agronegócio

Frango: como evitar calo na pata e prejuízo na produção

Qualidade da cama é essencial para evitar calos de patas. Lesões trazem prejuízos para produtor e indústria

Se nós preferimos caminhar e descansar os pés em superfícies regulares, com as aves não é diferente. Nos galpões das granjas, o chão que acomoda os frangos deve ser recoberto por uma cama de qualidade e que proporcione conforto. Produtores como o Ari Marchi, de Amparo (SP), não querem nem ouvir falar em pododermatites, porque aí, é prejuízo na certa. “Na minha produção não há calos de patas, porque eu cuido muito bem da forragem da minha granja. Passo o famoso gancho todos os dias, não tem sábado, domingo ou sexta-feira santa, o trabalho é direto”, conta.

O gancho que o seu Ari destacou é o rastelo. A cama, além de acomodar as aves e promover conforto térmico, também serve como uma esponja da urina e das fezes, por isso, o manejo correto é imprescindível. “A umidade na cama gera placas que se tornam cada vez maiores, e na sujidade acumulada se criam matérias orgânicas contaminantes e bactérias. Como o frango não usa calçado, o contato é direto, e é aí que as pododermatites vão se desenvolver e os calos vão surgir”, explica o extensionista Guilherme Henrique Silva.

O manejo dos calos é preventivo. As medidas devem ser tomadas antes mesmo do alojamento das aves, começando pela compra da cama adequada. “O produtor deve procurar um fornecedor idôneo e investir em uma cama que tenha passado pela auditoria de um sanitarista. A espessura mínima é de sete centímetros para a boa absorção da umidade e das excretas das aves e para que não emplaque. Isso facilita justamente o processo com o rastelo que o Ari comentou, para deixar a cama solta. O trabalho correto com a nebulização e as placa evaporativa também é essencial”, completou Guilherme.

A avaliação das patas das aves deve ser periódica e, na véspera do abate, é feito um checklist para observar se não há calosidades. “O produtor pega ave por ave pelo dorso, respeitando o bem estar animal para não causar estresse,  e um ajudante verifica as duas patas. Se houver um cisquinho ou uma calosidade maior, a informação é transmitida ao abatedouro que receberá os frangos para que já saibam como trabalhar. Isso evita surpresas na chegada”, orienta Guilherme.

Uma vez instalados os calos, não há mais como recuperar as patas. O extensionista Lélio Vieira explica que os prejuízos são tanto do produtor, quanto da indústria. “Um calo de pata mais agressivo abre portas para a entrada de bactérias e doenças, podendo aparecer alguma artrite. Precisamos do pé de qualidade, já que é um produto muito exportado para a China. Por isso, o produtor que cuida bem da cama e da ambiência do aviário, como o Ari, é bonificado”, destaca.

De acordo com a médica veterinária Alessandra Appel, normalmente o calo se estabelece nas duas primeiras semanas de produção, quando a pata do pintinho é mais sensível. Apesar de os calos não serem tão perceptíveis na fase inicial, já é possível enxergar um avermelhamento. “Além da falta de qualidade das patas, as pododermatites influenciam diretamente no desenvolvimento e na conversão alimentar das aves, uma vez que causam dor e desconforto, e podem até mesmo facilitar o desenvolvimento de uma septicemia generalizada”, alerta.

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