Biodigestores transformam dejetos em energia elétrica e biofertilizantes

Graças à tecnologia, tratamento das excretas dos animais alia sustentabilidade e economia

Não dá para falar em suinocultura sem abordar o transporte dos animais, a alimentação, a prevenção de doenças e tantos outros aspectos importantes que envolvem o manejo. Mas há ainda um outro procedimento que não pode ser considerado menos urgente e deve integrar a lista de exigências: a destinação correta dos dejetos resultantes da produção. O suinocultor integrado Marcelo Slongo, de Dourados (MS), investiu em biodigestores que tratam o material orgânico gerando energia elétrica para a propriedade e biofertilizantes utilizados na pastagem do gado. Uma solução que alia sustentabilidade e economia e mostra como a tecnologia favorece cada vez mais o agronegócio.  

Manejo do resíduo orgânico

Na unidade de terminação de suínos do Marcelo, o tratamento dos efluentes era um problema. “Os dejetos eram um passivo e representavam apenas custos de produção”, explica.  Com a implantação do biodigestor, o sistema de tratamento de dejetos tornou possível viabilizar uma pequena usina de geração de energia elétrica. “A usina é alimentada pelo biogás capturado dos dejetos. Hoje, temos energia suficiente para atender cem por cento da demanda da nossa propriedade e, com o excedente, uma segunda com a mesma capacidade”, conta Marcelo. Como o tratamento continua em lagoas de decantação, os dejetos podem ser utilizados para fertirrigação da pastagem. “Outro benefício foi poder ampliar nossas atividades para a criação de gado. O investimento nos proporcionou um negócio sustentável tanto do ponto de vista econômico como do ambiental”, diz o produtor. 

Investimento

O gerente agropecuário Rogério Miranda explicou que a tecnologia dos motores para utilização do biogás evoluiu muito nos últimos anos e, graças às empresas especializadas,  os equipamentos podem ser adquiridos por produtores de qualquer região do Brasil. Quanto maior o volume de dejetos, mais eficiente a produção de gás. “Portanto, nas propriedades pequenas, os custos de implantação dos motores geradores talvez não compensem o investimento”, explica Rogério. “Em granjas menores, como as de creche, o sistema pode não ser viável. O valor do projeto varia de acordo com o tamanho da usina que será implantada e é parecido com o investimento em energia solar. Em média, são necessários entre três e seis anos para se obter o retorno dos investimento”, orienta.  

Vantagem 

Na suinocultura, a vantagem da usina em comparação às placas fotovoltaicas é que os dejetos que precisariam ser descartados são transformados em energia sustentável. “Além disso, a energia solar exige ligação com a rede elétrica, já o biogás permite que a energia seja gerada e consumida ao mesmo tempo e, inclusive, o excedente também pode ser consumido”, destaca Rogério. 

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