AVICULTURA GAÚCHA

Como o Rio Grande do Sul supera os desafios climáticos e sanitários de 2024?

Avicultura gaúcha demonstra resiliência e recuperação após um ano desafiador

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O ano de 2024 foi marcado por grandes desafios para o agronegócio do Rio Grande do Sul, especialmente para a avicultura. Chuvas intensas no início do ano causaram inundações que prejudicaram plantações, estruturas logísticas e a produção animal. 

Em julho, um novo obstáculo surgiu: a confirmação de um foco da doença de Newcastle no município de Anta Gorda, na região do Vale do Taquari. Esse incidente resultou em embargos de importantes mercados importadores, exigindo uma rápida mobilização do setor para reverter as restrições e retomar o fluxo de exportações.

José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), destacou que o setor precisou revisar seus planos de crescimento e readequar as logísticas devido aos danos em pontes e estradas. Assista ao vídeo abaixo e confira a entrevista na íntegra.

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O Vale do Taquari, que representa cerca de 20% da produção avícola do estado, foi uma das regiões mais afetadas. Contudo, esforços conjuntos entre produtores, indústrias e entidades como a ASGAV e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) garantiram a continuidade das operações, ainda que com ajustes na produção.

Santos ressaltou que, embora as enchentes não tenham gerado embargos significativos, o foco de Newcastle trouxe consequências mais severas, afetando mercados estratégicos como China, Chile e Argentina.

Desde a confirmação do foco de Newcastle, o setor avícola gaúcho trabalhou ativamente para garantir a segurança sanitária e informar os parceiros comerciais sobre as medidas adotadas. Segundo Santos, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em parceria com a ASGAV e a ABPA, tem desempenhado um papel crucial nesse processo.

“Recentemente, países como África do Sul e Peru já retiraram os embargos. Agora, estamos focados em negociar com mercados importantes que ainda mantêm restrições, como a China e o Chile”, explicou o presidente da associação.

Outra estratégia adotada pelo setor foi o redirecionamento da produção para novos mercados e a formação de estoques para garantir a oferta contínua. Apesar das dificuldades, a fidelização dos clientes internacionais, construída ao longo de décadas, tem sido um diferencial importante para o setor gaúcho.

O futuro da avicultura gaúcha passa por melhorias na infraestrutura logística e pelo fortalecimento das práticas de sustentabilidade. 

Durante a Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango, realizada em novembro, a sustentabilidade ambiental foi um dos temas centrais. Santos ressaltou que o setor está atento às mudanças climáticas e busca adotar medidas preventivas para minimizar os impactos de futuras adversidades.

“Estamos trabalhando para reduzir os impactos ambientais da produção, seguindo tendências observadas na Europa e nos Estados Unidos. A sustentabilidade é uma prioridade, não apenas para atender às exigências dos mercados internacionais, mas também para garantir a resiliência do setor diante de eventos climáticos extremos”.

José Eduardo dos Santos, presidente da ASGAV

Outro ponto de atenção para 2025 é a questão logística. O Rio Grande do Sul enfrenta desafios relacionados ao abastecimento de grãos, especialmente milho, que representa cerca de 70% da alimentação das aves. O estado precisa importar aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de milho anualmente, o que eleva os custos de produção.

Investimentos em infraestrutura e incentivos para a produção local de grãos podem ajudar a reduzir essa dependência e tornar a avicultura gaúcha ainda mais competitiva.

Apesar dos desafios enfrentados em 2024, o setor avícola do Rio Grande do Sul encerra o ano com um otimismo cauteloso. Com a recuperação das operações, a reabertura gradual dos mercados internacionais e a perspectiva de maior estabilidade no consumo interno, as expectativas para 2025 são positivas.

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