Para um produtor se tornar integrado, ele precisa atender alguns requisitos. De acordo com a Embrapa, os produtores de frango de corte possuem suas propriedades em áreas de 20 hectares em média, podendo ser maiores ou menores de acordo com o número de aviários. O avicultor Adroaldo Hoffmann conta que em 2004 construiu os dois primeiros núcleos com seis barracões de 1500 metros quadrados cada e 125×12 metros de extensão. “Na época, cada aviário alojava 22 mil aves. Hoje, alojamos um pouco menos por conta da diminuição da densidade”, conta.
Os investimentos para iniciar, ampliar ou modernizar uma granja podem ser realizados por meio de programas de incentivo do governo, com apoio da integradora. “A ideia, ou a forma de parceria, veio do sul do Brasil. Ainda existem por lá pequenas propriedades que aproveitam o espaço com produção”, explica Jurandir Gandolfi, supervisor de agropecuária. “A própria integradora é uma empresa muito parceira. Nós, que temos propriedade pequena, temos que partir para isso mesmo, avicultura ou suinocultura”, completa o avicultor Fabio Hensel, avicultor de Sidrolândia, em Mato Grosso do Sul.
Investimento inicial e financiamento
Uma das preocupações de quem quer investir no negócio é o acesso aos financiamentos. A produtora Josiane Heidemann diz que o processo não é tão difícil e complicado quanto pode parecer. “Na prática, é tranquilo conseguir um financiamento para investir. Quando a empresa disse que nos apoiaria e autorizaria o investimento, procuramos o banco e perguntamos sobre a linha de crédito. Eles deram ‘ok’ e procuramos as empresas construtoras para orçamentos. Depois de tudo pronto, encaminhamos o projeto ao banco e logo que foi liberado colocamos a mão na obra. Se a gente não investe, não melhora e não cresce. Os juros não estão difíceis. Produzindo, conseguimos pagar”, comenta.
Já o produtor Paulino Vigilato da Paixão acredita que conseguiu crescer graças à sociedade familiar. “Eu, meu pai, meu irmão e minhas irmãs estamos juntos. Eles me apoiam e me ajudam a correr atrás. Na hora de fazer um financiamento, temos mais CPFs. Somos todos sócios, mas cada um foca no seu negócio”, conta. Por outro lado, alguns produtores investem com recursos próprios. É o caso do Amilton de Camargos. “Inicialmente, fiz 3 aviários. Investi R$1,5 milhão com recurso próprio. Não foi financiado”, diz.
Critérios para construção da propriedade
A área em que a granja será construída deve ter autorização ambiental. O local que vai acomodar a estrutura deve ter capacidade para receber instalações elétricas e tecnologias, além de estar de acordo com as especificações sanitárias. Depois da documentação em mãos, as obras são iniciadas. Terraplanagem, construção dos galpões, sistemas para distribuição de água e ração, escritórios, e assim por diante. “É uma oportunidade para quem tem propriedades com pequenas áreas de terra. Possibilita aumentar a produção e proporciona um ganho financeiro para as famílias de cada um”, diz Gandolfi. “O produtor pode montar um modal e começar a produzir em escala”.
Para o negócio vingar, a disponibilidade de mão de obra é essencial. Alguns produtores moram na propriedade e trabalham em família. Outros, contratam colaboradores. “Empregamos oito famílias que trabalham com a gente há nove anos, e mais duas vão compor o modal que estamos concluindo”, diz Hensel. “Com a política de integração, é possível acompanhar a tecnologia, ter uma economia de escala e um suporte muito maior do que estando sozinho”, diz o integrado Carlos Eduardo Batista.
Remuneração
Para Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, o sistema integrado fortalece a produção de alimentos e vai crescer ainda mais no Brasil. “É claro que tem que trabalhar muito, mas o nosso produtor trabalha muito, é um herói trabalhador. A integração oferece parâmetros de remuneração mais equilibrados. O contrato segura as oscilações de mercado, o que não acontece com o produtor independente. O investimento compensa”, diz.
Ter disciplina e dedicação são pré-requisitos para se tornar um integrado. Mas, se não gostar da atividade, aí nem adianta começar. “Sempre tive paixão pela terra e pelo agronegócio. Venho de uma família humilde, sem condições de ter grandes extensões de terra para produzir em grande escala e proporcionar qualidade de vida para mim e minha família, que é o objetivo de todos nós. Vimos na avicultura um diferencial, a possibilidade de trabalhar com uma pequena propriedade e produzir em grande escala”, diz Adroaldo.
O avicultor Everaldo Valencio da Luz reforça o discurso. “Digo por mim: para quem tiver interesse, autodisciplina e dedicação, frango é a melhor coisa. Temos dois galpões em 10 mil metros quadrados. Quem produz mais ou consegue dar retorno para o município em uma propriedade assim? Não conheço. Quem tiver vontade, invista, é resultado certo”.
Sucessão Familiar
De acordo com o administrador e técnico agropecuário Luciano da Silva Andrade, a avicultura não é uma atividade para uma geração só. O investimento deve atravessar gerações. “A sucessão familiar é muito importante e valorizada pelas empresas”, diz. Ele também destaca que as condições do terreno plano podem favorecer os investimentos. “Da construção ao momento do início das operações, podemos considerar um prazo em torno de seis meses a um ano. Há um cronograma a ser seguido, e o produtor deve acompanhar todas as etapas de construção. Um início bem realizado, em que não se perde tempo, ajuda a acelerar a produção e as etapas de pagamento do empreendimento”.
Previsibilidade
Luciano também destaca que o suporte dos profissionais especializados da integradora em todas as etapas do processo é uma grande vantagem. A empresa fornece treinamento, e o integrado deve cumprir os melhores padrões de manejo, tendo a garantia de que vai entregar uma carcaça de qualidade. “O produtor integrado sabe que vai produzir, entregar e receber. Ele é remunerado de forma fixa, e isso possibilita a previsibilidade dos pagamentos. Basta acompanhar o peso médio do frango e a conversão alimentar para se programar, planejar as operações e fazer a gestão do fluxo de caixa. Quando os preços dos insumos sobem, como o preço do milho e da soja, a integradora segura os valores e absorve os impactos. É um sistema claro e seguro para ambas as partes”, acredita.
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