De acordo com informações da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), as exportações brasileiras de carne de frango registraram alta de 2,6% em março em relação ao mesmo mês do ano passado. Considerando os produtos in natura e processados, foram 349,5 mil toneladas exportadas no terceiro mês de 2020 contra 340,5 mil toneladas exportadas em março de 2019. Já a receita dos embarques sofreu queda de 1,7%. Os US$ 552,5 milhões arrecadados em março de 2020 ficaram atrás dos US$ 562,2 milhões obtidos em março de 2019.
No acumulado entre janeiro e março de 2020, tanto em receita quanto em volumes exportados os números superaram os registrados no mesmo período de 2019. Foram exportadas 1,021 milhão de toneladas, volume 8,8% maior que as 939 mil toneladas embarcadas nos três primeiros meses do ano passado. A receita trimestral ficou em US$ 1,635 bilhão, número 6% maior que o saldo relativo a 2019, com US$ 1,542 bilhão. Francisco Turra, presidente da ABPA, destacou que os impactos gerados pelo coronavírus não afetaram o setor.
Para Juliana Ferraz, analista do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq), a pandemia do coronavírus impulsionou o interesse dos brasileiros pela carne de frango congelada. A procura deve continuar alta nos próximos dias, já que boa parte da população recebe no começo do mês e movimenta os mercados. “A gente percebeu nos últimos dias que a proteína congelada tem tido uma liquidez maior em comparação à resfriada, porque tem mais tempo de prateleira e pode ficar estocada por mais tempo. Até os preços acabaram subindo mais do que a carne resfriada”, afirmou. Segundo Juliana, a preocupação do produtor no momento é de outra natureza. “A relação entre milho e frango é a pior desde maio de 2018. Com o farelo, o cenário é o pior desde junho de 2018. Mesmo com a alta do preço do frango em março, o poder de compra do avicultor está bem pressionado”, finalizou.
Mercado de suínos
O cenário de exportações é ainda mais positivo para a carne suína. Os produtos in natura e processados totalizaram 72,1 mil toneladas exportadas em março de 2020, 31,45% a mais que o registrado no mesmo período de 2019, quando foram embarcadas 54,8 mil toneladas. O saldo cambial das exportações do terceiro mês do ano alcançou US$ 166 milhões, número 56,1% maior que o alcançado em março do ano anterior, com total de US$ 106,3 milhões. Os embarques do setor já chegaram a 208 mil toneladas no primeiro trimestre de 20120, número 32% acima do obtido no primeiro trimestre de 2019, quando foram exportadas 157,5 mil toneladas. Em receita, houve aumento de 62,6%, com US$ 485,1 no primeiro trimestre deste ano, contra US$ 298,3 milhões nos três primeiros meses do ano passado.
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Apesar do bom momento em relação ao mercado externo, Valdomiro Ferreira, presidente da APCS (Associação Paulista de Criadores de Suínos), pede cautela aos suinocultores durante a pandemia do coronavírus. Ele afirma que os custos com produção no Brasil preocupam, por isso, é preciso esperar os próximos meses para saber os efeitos da quarentena sobre o mercado interno. “Estamos derrubando nosso preço para venda ao mesmo tempo em que os custos com insumos estão muito altos. O nosso setor está descapitalizado, estamos sem fluxo de caixa. Se o isolamento social permanecer por muito tempo, a suinocultura pode ficar comprometida’’, disse.
Para Valdomiro, o pior cenário seria um possível agravamento da crise, já que, no momento, não há condições de diminuir a produção. “O que vamos consumir em dezembro de 2020 já está nas granjas. Se os efeitos da crise forem muito grandes, teremos que abater matrizes. A pior situação para um suinocultor é abater matrizes, pois o material genético é o maior patrimônio de uma granja”, finaliza.