Agronegócio

Roedores estão entre os piores inimigos da avicultura

Saiba como evitar a presença deles e de outros vetores. Veterinário já flagrou até jiboia em granja

Só se fala em biosseguridade. Em crises sanitárias como a que estamos atravessando agora, todas as preocupações se voltam à saúde dos seres humanos e dos animais.  Uma granja de frangos deve estar sempre protegida de predadores que podem ser vetores de doenças. Por isso, avicultores seguem à risca regras e normas para evitar que contaminações comprometam um lote.

Para evitar a aproximação de pássaros, como pombos e morcegos, árvores frutíferas são proibidas nos núcleos de produção. Além disso, portões devem estar sempre fechados e os aviários protegidos com telas em malha de uma polegada. O avicultor Renato Molina, de Amparo (SP), diz que mesmo tomando todos os cuidados, controlar os pássaros é a tarefa mais difícil.  “Não há nenhum vãozinho sequer, é tudo lacrado para que não haja surpresa dentro do aviário, mas se você bobear com uma porta aberta…”, admite. Renato obedece todas as normas de segurança, o que inclui também galpões cem por cento forrados. “Eu moro no sitio e tenho um cachorro de estimação que não entra no cercado da área de produção. Ele fica isolado. O que eu costumo ver aqui em volta é lagarto, mas distante, nunca tive problemas com os frangos”, diz.

Pedro Mota, veterinário sanitarista, disse que já viu os temidos lagartos, ou teiús, dentro de alguns aviários. “Principalmente quando há pintinhos, um banquete para eles. Até jiboia eu já vi”, adverte. “Mas também já vi bois dentro dos núcleos de produção, por isso, é muito importante investir em uma cerca perimetral adequada e também em vedação nos galpões. Qualquer porta deixada aberta por poucos segundos, fresta ou falha na estrutura dos galpões facilita uma visita indesejada”, completa.

Todo cuidado é pouco, já que tudo o que transita no núcleo pode carrear doenças. “Todo predador é considerado um vetor de contaminações que podem ser transmitidas para todo o plantel. Roedores são nossa maior preocupação. Eles podem trazer a salmonella, um patógeno que pode ser transmitido pelo alimento e oferece risco à saúde humana”, afirma Pedro. De acordo com  veterinário, se um roedor for encontrado no aviário, a produção deve seguir. “O lote não deve ser descartado. Os testes de salmonella antecedem o abate, conforme a instrução normativa número vinte. Pode ser que no laudo dê positivo, e aí sim, serão tomadas as providências”, explica.

Animais em geral e até insetos, como moscas e cascudinhos, podem ser hospedeiros de várias doenças. O médico veterinário Humberto Bussada destaca a leptospira, transmitida através da urina do rato, e a raiva, transmitida através da saliva de cães e gatos infectados. Bussada também ressalta os prejuízos que roedores podem causar nas instalações dos galpões e na produção. “Roeduras e mordidas podem destruir telas, equipamentos e fiações elétricas e até causar curto-circuito ou princípio de incêndio. Além disso, a quantidades de alimentos que ratos consomem diariamente equivale a sete por cento do seu próprio peso ou até quinze por cento, ou seja, uma grande quantidade de ração. É importante adotar medidas preventivas para diminuir os fatores de riscos”, orienta.

Nos aviários, a presença de vetores é um termômetro que acusa falhas nas técnicas de manejo. O extensionista Lélio Vieira lembra que animais invasores devem ser ser retirados dos aviários o mais rápido possível. “Se o animal entrou, é porque está tentando se alimentar dos frangos. Os produtores devem fazer um controle quinzenal dos roedores para não ter grande infestação. Geralmente, eles são encontrados mortos. Aí, é preciso intensificar  o uso de inseticidas e veneno”, orienta.

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