O milheto tem ganhado espaço como uma alternativa viável ao milho na alimentação de aves e suínos, especialmente em regiões de clima seco. Com maior teor proteico e preço mais acessível, o grão vem sendo estudado pela Embrapa Aves e Suínos, que comprovou sua eficiência em dietas balanceadas para a produção animal.
Jorge Ludke, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, destaca que o milheto pode ser incorporado às dietas sem comprometer o desempenho zootécnico dos animais. “A grande vantagem é o preço, principalmente para quem adquire o milheto e inclui na ração”, afirma Ludke.
O grão, que tem custo inferior ao milho, apresenta vantagens nutricionais e se adapta a diferentes regiões do Brasil. Além disso, o grão apresenta 50% a mais de proteína em comparação ao milho, tornando-se uma opção viável para produtores que buscam reduzir custos sem perder qualidade nutricional. Assista ao vídeo abaixo e confira a entrevista na íntegra.
Adaptação a diferentes biomas
Embora seja tradicionalmente cultivado no Cerrado, o milheto também se desenvolve bem em outras regiões do Brasil. O grão pode ser encontrado no Nordeste, Sudeste e Sul do país, incluindo Minas Gerais, e se destaca pela resistência a baixos índices pluviométricos.
“O plantio do milheto ocorre em diferentes regiões do Brasil, especialmente em locais com menor incidência de chuvas, o que amplia suas possibilidades de cultivo”, explica Ludke.
Essa versatilidade permite que produtores em diversas localidades adotem o grão como uma opção viável na alimentação animal.
Desempenho nutricional na alimentação animal
Os estudos da Embrapa mostraram que o milheto pode substituir o milho nas dietas de aves e suínos sem comprometer o desempenho. Em rações para frangos de corte, por exemplo, a inclusão de 20% do grão foi testada em diferentes formas de processamento, tanto farelada quanto peletizada.
“Nos testes com pintinhos de 1 a 21 dias, comprovamos que o aproveitamento do milheto é integral, mesmo sem moagem”, ressalta Ludke. Isso representa uma vantagem para fábricas de ração, que podem reduzir custos operacionais ao evitar a etapa de moagem do grão para aves.
Já na suinocultura, a necessidade de moagem é um fator determinante para o aproveitamento nutricional. “Para suínos, a moagem deve ser perfeita. O grão pequeno pode passar intacto pelo trato digestivo, resultando em menor absorção de nutrientes”, alerta o pesquisador.
Comparação com o milho
Embora o milho ainda seja o principal insumo nas rações, o milheto apresenta vantagens que podem justificar sua inclusão. Atualmente, recomenda-se um nível de 45% de milheto na formulação para aves, enquanto o milho pode representar até 65%. No entanto, alguns produtores do Nordeste já realizam a substituição peso a peso, obtendo ganhos na taxa de postura das poedeiras.
Além disso, o grão tem um preço que varia entre 70% e 80% do valor do milho, tornando-se uma alternativa mais econômica.
Em termos de composição nutricional, o milheto apresenta 5% menos energia metabolizável que o milho, mas compensa com um perfil de aminoácidos superior e maior teor de fósforo total.
“O teor de fósforo no milheto é 20% maior que no milho. Se utilizarmos enzimas para melhorar a digestibilidade, conseguimos ainda mais vantagens nutricionais”, conclui Ludke.
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