A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trabalham no desenvolvimento e implementação de protocolos de rastreabilidade para as cadeias produtivas de frango de corte e suínos. O objetivo é incluir informações desses setores no Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade.
Detalhes da iniciativa foram apresentados pelo presidente da ABPA, Ricardo Santin, durante o Sial Paris, Salão Internacional de Alimentação realizado na França.
“Estamos desenvolvendo um selo digital com blockchain, uma certificação que demonstra as práticas de uma cadeia sustentável e integrada”, afirmou Santin.
A demanda por esse projeto partiu da ABPA, que identificou a necessidade de estabelecer requisitos mínimos de rastreabilidade para a exportação de produtos das cadeias de frango e suínos.
O projeto prevê a definição de critérios básicos de rastreabilidade e o desenvolvimento de um modelo, que será validado por empresas do setor e cooperativas. Uma iniciativa semelhante já foi realizada pela Embrapa em parceria com a cadeia de algodão.
Três departamentos da Embrapa estão envolvidos no projeto: Embrapa Digital, Embrapa Territorial e Embrapa Aves e Suínos. O trabalho teve início no primeiro semestre deste ano e a expectativa é que seja concluído até o primeiro semestre de 2027.
“O projeto está em fase inicial, não temos pressa. É um compromisso com o consumidor, para mostrar as boas práticas que adotamos nas granjas”, acrescentou Santin.
Essa iniciativa ocorre em um momento de incremento das exigências de sustentabilidade e rastreabilidade por parte da União Europeia, sendo a lei antidesmatamento um exemplo claro. Essa legislação pode afetar cadeias produtivas como borracha, cacau, café, carne, madeira, soja, óleo de palma e seus derivados. Assim, as cadeias de frango de corte e suínos estão atentas às novas demandas dos mercados internacionais.
Em outra frente, para fortalecer o papel brasileiro no setor, a ABPA e o Conselho de Exportação de Aves e Ovos dos Estados Unidos (Usapeec) renovaram um memorando de cooperação durante o Sial Paris, com a intenção de promover o livre comércio global de produtos avícolas. As duas entidades se comprometem a trabalhar juntas para superar barreiras que afetam o comércio internacional, como protecionismo e questões sanitárias.
Santin destacou que Brasil e Estados Unidos são os maiores produtores e exportadores de carne de aves do mundo.
“Começamos a agir em conjunto na indústria global. Somos os dois motores principais na tentativa de prevenir a criação de barreiras comerciais para os grandes produtores. A proximidade entre Brasil e Estados Unidos facilita a troca de informações e a cooperação em temas comuns”, afirmou Santin.