A restrição de antibióticos na dieta animal já é uma realidade em 100% da avicultura europeia, onde os promotores de crescimento foram banidos desde janeiro de 2006. Essa tendência está se espalhando para outros países produtores de frangos de corte, como os Estados Unidos.
Em 2019, cerca de 60% dos frangos produzidos no país foram criados sem nenhum tipo de antibiótico, segundo Greg Renier, PhD, presidente da Rennier Associates Inc.
Como maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil também deve seguir essa tendência e adotar estratégias para reduzir o uso de antibióticos na forma terapêutica e ampliar sua produção sem o uso de antibióticos como promotores de crescimento
É amplamente aceito na indústria avícola que para manter os mesmos parâmetros de produção em frangos produzidos sem o uso de antibióticos na alimentação ou terapeuticamente, é necessário promover uma saúde intestinal adequada.
Portanto, é cada vez mais importante para a academia gerar informações e conhecimentos sobre os principais fatores que devem ser equilibrados no intestino para permitir que as aves digiram e absorvam os alimentos de maneira ideal, gerando produtividade e lucratividade para a indústria avícola.
A ciência deve entender os mecanismos pelos quais ocorre a sucessão bacteriana no trato gastrointestinal em coordenação com o hospedeiro se quisermos identificar alternativas livres de antibióticos para modular a microbiota, prevenir doenças e melhorar o desempenho das aves.
Estudos da microbiota intestinal aviária tornaram-se cada vez mais detalhados nos últimos anos, em grande parte devido ao impacto de novas técnicas ou novas gerações de sequenciamento molecular.
Essas técnicas de sequenciamento permitiram o reconhecimento de uma comunidade complexa de bactérias e sua grande importância na saúde das aves, no desenvolvimento do sistema intestinal e imunológico e na manutenção da homeostase intestinal.
Probióticos
Além disso, juntamente com os dados do censo taxonômico com base no gene 16S rRNA, a metagenômica começou a atender às primeiras expectativas de evoluir nossa compreensão das comunidades microbianas.
Entre as várias alternativas aos antibióticos promotores de crescimento, diferentes classes de aditivos probióticos são uma ferramenta importante dentro de um programa de aditivos alternativos.
Seu papel na promoção da saúde e melhoria do desempenho é um dos mais consolidados na produção avícola, devido ao seu pioneirismo no mercado de aditivos naturais e alto índice de adoção pelo mercado.
Os probióticos podem influenciar diretamente a colonização da microbiota intestinal por meio de múltiplos mecanismos, incluindo a produção de substâncias inibidoras do crescimento, como bacteriocinas e ácidos graxos de cadeia curta, produção de enzimas digestivas que auxiliam no processo de otimização da absorção de nutrientes, produção de substratos que promover o crescimento da microbiota benéfica, como vitaminas, ácidos graxos e açúcares provenientes de carboidratos não digeridos pelas aves, entre outros; além de promover respostas imunes contra certas enterobactérias patogênicas.
Ademais, indiretamente, os probióticos podem influenciar a colonização da microbiota intestinal ao inibir a adesão de Enterobacteriaceae patogênicas por meio da estimulação da produção de muco pelas células caliciformes, reforçando o papel da barreira intestinal e contribuindo para a imunomodulação das respostas inflamatórias no ambiente intestinal, gerando um ambiente favorável para a prevalência de uma microbiota associada a um intestino fisiologicamente saudável.
Atualmente, o grande avanço das técnicas moleculares já citadas neste texto, que permitiram uma incrível evolução na identificação e mapeamento da diversidade da microbiota intestinal, tem evidenciado uma grande complexidade desta microbiota. Este fato trouxe grande dificuldade em sua interpretação e em estabelecer correlações necessárias para entender as relações entre dieta, microbiota e saúde das aves.
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