Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) avaliou a evolução, as diferenças e os fatores determinantes dos preços de terras agrícolas no Brasil.
Desenvolvido pelo pesquisador Ricardo Harbs e sob orientação do professor Carlos José Caetano Bacha, do departamento de Economia, Administração e Sociologia, a tese evidencia a possível ocorrência de convergência dos preços de terras agrícolas entre os estados brasileiros, no período de 1989 a 1999, e entre suas microrregiões no período de 2003 a 2017.
O estudo desenvolveu um modelo teórico de convergência do preço da terra agrícola entre regiões (que podem ser estados, microrregiões ou municípios, por exemplo), demonstrando-se que “esse processo pode ocorrer, desde que haja livre movimento de capital, bem como de mão de obra e de tecnologia entre as regiões”, explica o pesquisador autor da tese, Ricardo Harbs.
Em sua entrevista exclusiva ao Ligados & Integrados, Harbs explica como é feita a métrica de avaliação e porque há terras que se valorizaram e outras que perdem o valor. De acordo com ele, alguns critérios fundamentais dentro deste processo são a distância de grandes centros de compra, a proximidade com portos e sua influência na logística. “Além deste critério, é avaliada a melhor destinação da terra, se para lavoura, e qual tipo de produção, ou até para pecuária”, explicou. “Quanto mais a localidade está situada em centros com investimentos em portos, estradas e ferrovias, mais as terras serão valorizadas, como verificamos em algumas regiões do Nordeste e do MATOPIBA. Quanto mais fácil o escoamento da produção e quanto mais produtiva a terra, mais ela se valoriza”, disse. De 2012 a 2018 houve uma valorização muito grande de terras anteriormente mais baratas, principalmente nas regiões de Pelotas e Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. “Ali, por exemplo, tínhamos terras de R$ 19 mil até R$ 25 mil por hectare para lavoura”, detalhou.
Outro destaque apontado pelo professor e pesquisador foi a diferença de preços encontrada também em diferentes áreas do país. “Encontramos uma variabilidade muito grande de preços em diferentes regiões do país, com áreas com preços entre R$ 400 por hectare na região Norte e Nordeste até mesmo R$ 60 mil por hectare”, contou Harbs.
Ele explica ainda sobre o desenvolvimento de modelos de econometria espacial, usados para quantificar os determinantes dos preços de terras para lavouras, incluindo-se, de forma inovadora, estimativas dos seus efeitos diretos e indiretos (de transbordamento) nas grandes regiões brasileiras. “Um dos destaques da pesquisa é a aplicação de uma nova metodologia – que abrange o cálculo de índices de preços relativos, bem como a sua apresentação por meio de matrizes de transição – para ilustrar as relações espaciais e inferir sobre as tendências de convergência ou de divergência dos preços de terras agrícolas. Além disso, apresentamos estimativas para os efeitos diretos e indiretos (de transbordamento) de determinadas variáveis sobre os preços de terras para lavouras no Brasil e em suas grandes regiões”, pontua Ricardo Harbs.
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