A retirada de antibióticos como promotores de crescimento na avicultura é uma tendência global. Países como Estados Unidos, Canadá e Brasil já seguem normativas para limitar seu uso, atendendo à demanda do mercado internacional por carne livre desses aditivos. Nesse cenário, os bioinsumos surgem como alternativas para substituição dos antimicrobianos, mantendo a produtividade e a saúde intestinal dos animais.
Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) têm liderado estudos sobre compostos orgânicos que modulam o microbioma intestinal, promovendo o crescimento das aves sem os riscos associados aos antibióticos. Assista ao vídeo abaixo e confira a entrevista na íntegra.
Esses bioinsumos, além de apresentarem desempenho similar ou superior, também ajudam a reduzir a proliferação de bactérias resistentes – a chamada “superbactéria” – um problema global na saúde humana e animal.
Os estudos realizados pela UFLA envolveram mais de 10 mil aves em testes rigorosos para avaliar o impacto dos bioinsumos no ganho de peso, conversão alimentar e qualidade intestinal.
Pesquisa promissora com milhares de aves
As pesquisas foram conduzidas em condições controladas, abrangendo diferentes níveis de uso dos bioinsumos para identificar o ponto de aplicação. A equipe trabalhou com aves criadas até os 42 dias de vida, avaliando parâmetros como ganho de peso e eficiência alimentar.
“Utilizamos compostos baseados em flavonoides, terpenos e antioxidantes naturais, que apresentaram resultados superiores ao uso de antibióticos tradicionais”, relata o pesquisador.
Além disso, a saúde intestinal das aves foi monitorada através de análises microscópicas, revelando melhorias significativas na estrutura das velocidades e na área de absorção do intestino.
Os bioinsumos demonstraram um impacto positivo na composição do microbioma, favorecendo bactérias benéficas enquanto inibiam microrganismos prejudiciais. Essa abordagem promove uma digestão mais eficiente, resultando em maior ganho de peso e melhor conversão alimentar.
Uso de antibióticos na produção animal
Os antibióticos como promotores de crescimento foram amplamente utilizados ao longo das últimas décadas, mas seu uso indiscriminado trouxe sérias consequências. Um dos principais riscos é a seleção de bactérias resistentes, que podem afetar tanto animais quanto seres humanos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta sobre a crescente ameaça das superbactérias, que já apresentam resistência aos principais medicamentos disponíveis. A retirada de antibióticos na produção animal tornou-se uma prioridade global, incentivando a busca por alternativas seguras e sustentáveis.
Segundo os pesquisadores, a substituição dos antimicrobianos por bioinsumos é uma solução viável, que atende às exigências do mercado sem comprometer a produtividade.
“Nosso objetivo é oferecer produtos que melhorem não apenas o desempenho das aves, mas também a saúde geral do plantel, de forma sustentável”, afirma o especialista.
Novas gerações de bioinsumos e desafios do mercado
O desenvolvimento de bioinsumos é contínuo. “Cada nova geração desses produtos apresenta efeitos mais abrangentes, garantindo maior eficiência e retorno para os produtores”, destaca o pesquisador.
Para evitar perdas no campo, os produtores podem adotar aditivos como probióticos, prebióticos, enzimas e ácidos orgânicos, que, combinados, compensam os impactos da ausência dos antimicrobianos.
O futuro da avicultura aponta para uma produção mais segura, eficiente e alinhada às demandas globais de sustentabilidade e saúde pública. Com o apoio da ciência e da inovação, os bioinsumos proporcionam mais uma alternativa na produção animal.
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