A criação de frango caipira em escala comercial tem ganhado destaque em Minas Gerais, especialmente na região de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Diferente das pequenas criações caseiras, algumas propriedades chegam a abrigar até 19 mil aves, integrando métodos tradicionais à práticas modernas de manejo sustentável.
A equipe de reportagem do Ligados & Integrados visitou uma dessas propriedades para entender as particularidades desse tipo de produção, que tem grande impacto econômico e cultural na região.
Segundo a Associação Brasileira de Avicultura Alternativa, Minas Gerais é o maior produtor de frango caipira do Brasil, seguido pela Bahia e Rio Grande do Sul. O frango caipira, conhecido por suas características rústicas e sabor diferenciado, é uma tradição enraizada em Uberaba. “Aqui, o frango caipira é quase uma tradição cultural”, diz Guilherme Franco Rocha, médico veterinário sanitarista. “O consumo é alto, principalmente nos finais de semana, quando é preparado como um prato especial.”
Raízes históricas e sustentabilidade na criação
O nome “frango caipira” tem origem no século passado, quando as aves eram criadas soltas no campo. Embora a criação moderna tenha evoluído, os princípios básicos continuam os mesmos, priorizando a sustentabilidade e o bem-estar animal. A estrutura para a criação não requer galpões de alvenaria complexos, pois a ventilação é natural, facilitada por ventiladores.
Rocha explica que a área de piquete é essencial para atender às necessidades das aves. “A disponibilidade de sombra e enriquecimento ambiental é crucial para atrair as aves para a área externa. Sem esses elementos, as aves tendem a permanecer dentro do galpão, onde já têm comida e bebida”, afirma.
Para garantir o bem-estar das aves, o espaço mínimo deve ser de duas aves por metro quadrado. Esse critério garante que as aves possam expressar comportamentos naturais, como ciscar, piar e empoleirar, refletindo diretamente em melhores resultados zootécnicos e financeiros.
Diferenças entre frango caipira e frango de corte
Produtores acostumados com a criação de frango de corte podem notar várias diferenças ao migrar para o frango caipira. Uma das principais é a atenção ao bem-estar animal. O frango caipira cresce mais lentamente e é mais rústico, o que se traduz em menor mortalidade e menos problemas locomotores.
Rocha destaca que o manejo do frango caipira é mais simples e menos exigente em termos de modernização de infraestrutura.
O frango caipira é mais resistente a patógenos e fatores climáticos. Produtores que migraram do frango de corte para o caipira geralmente estão satisfeitos com a mudança devido ao manejo mais simples e ao menor investimento necessário, explica o médico veterinário.
Claudia Borges Naves, avicultora de Uberaba, compartilha sua experiência: “Relutamos em mudar, mas a visita da Seara nos motivou. Agora, virou uma paixão, e não trocamos mais.”
Expansão do mercado e oportunidades
O frango caipira não é apenas uma tradição, mas também uma oportunidade econômica crescente. Com o aumento da demanda por produtos sustentáveis e de alto valor agregado, a produção de frango caipira em Minas Gerais tem potencial para se expandir ainda mais. Produtores que adotam práticas sustentáveis e focam na qualidade do produto encontram um mercado receptivo e em crescimento.
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