A inseminação artificial garante quase cem por cento da fertilidade dos animais nas granjas, e na produção de perus, não é diferente. O procedimento envolve profissionais muito capacitados que devem assegurar o bem–estar das aves antes, durante e depois. Sendo assim, confira as explicação diretamente de uma propriedade em São Marcos, no Rio Grande do Sul.
Equipe experiente
O procedimento de inseminação acontece uma vez a cada sete dias e conta com uma equipe especializada composta por cinco profissionais. Primeiramente um deles trabalha como coletador de sêmen nos aviários dos perus machos. O material é levado ao aviário das fêmeas, onde atuam outros quatro profissionais. O primeiro deles é responsável por encaminhar as peruas para um lado do aviário. Por fim, os outros três apanham as aves e inseminam, priorizando o bem–estar animal e realizando a operação sem stress ou maus tratos.
Biosseguridade
As aves não devem ser inseminadas das 10h às 14h, horário do pico de produção de ovos. O procedimento deve ocorrer antes ou depois para não afetar a fertilidade dos ovos. Para a inseminação, a cama do aviário deve estar enxuta para garantir boa ambiência. Em seguida, o procedimento é realizado com uma máquina que dosa perfeitamente o sêmen, e cada perua é inseminada com uma paletinha. Todos os materiais são descartáveis para que não haja risco de contaminação.
Fêmeas: inseminações periódicas
As fêmeas são transferidas da granja de recria para a de produção com 29 semanas e meia e lá vivem por aproximadamente 58 semanas. Lá, são fotoestimuladas com um programa de luz recomendado de acordo com a genética. O comportamento de agachamento manifestado pelas aves é avaliado e a cloaca é analisada para verificar se há abertura adequada para a inseminação artificial. O procedimento é iniciado quando 85% das aves do lote estiverem aptas para a reprodução, o que deve ocorrer entre 14 e 16 dias após o alojamento. A segunda inseminação do lote é realizada dois dias após a primeira, a terceira até o décimo dia após a primeira, e a quarta 14 dias após a primeira. Assim, após esse período, o lote é inseminado a cada 7 dias.
Bem–estar animal
Os machos são preparados já na granja de recria, onde, com 25 semanas, é iniciado o procedimento pré–sêmen que se estende até a granja de produção, passando a ser realizado uma vez por semana. Portanto, até a próxima coleta de sêmen, é recomendado que os machos descansem por no mínimo dois dias.
Machos: diluente e sêmen
Para a inseminação artificial, é necessário colocar 3 ml de diluente e 5 ml de sêmen em um recipiente, totalizando 8 ml de material. O diluente é composto por ingredientes como água, minerais e vitaminas e tem duas funções importantes: manter o espermatozoide vivo por mais tempo e auxiliar no volume de solução excedido nas aves. O diluente não deve ser utilizado se apresentar alguma alteração de cor, viscosidade ou data vencida, e o sêmen não deve ser utilizado se houver alteração de cor, viscosidade, sangue, fezes ou excesso de grumos. No processo de inseminação, o diluente representa 37,5% e o sêmen 62,5%.
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Cuidados durante o procedimento
Alguns cuidados devem ser tomados com o sêmen coletado, como não mexer bruscamente nos recipientes para não afetar o espermatozóide. Sendo assim, duas garrafinhas de 8 ml cada vão para a máquina de inseminação. No processo, cada ml é suficiente para inseminar 12 fêmeas. Com tantos cuidados, os resultados conquistados são muito bons, e a taxa de fertilidade é de mais ou menos 99%. Além disso, o produtor também deve investir na construção de um aviário para pintinhos.
Eficiência: bons resultados de eclosão
De acordo com o zootecnista Bernardo Borges, os machos são até três vezes mais pesados que as fêmeas, o que dificulta a monta natural nas granjas. “Em uma granja de perus podemos alojar até 4.500 fêmeas, dependendo do tamanho do aviário, sendo 8,5% de machos em relação ao número total de fêmeas. A inseminação é um método muito eficiente que nos permite inseminar cem por cento das aves e, como consequência, conseguimos uma boa eclosão. Uma das grandes vantagens é que a inseminação nos possibilita o melhor aproveitamentos dos machos, já que em uma única coleta conseguimos inseminar de 6 a 8 fêmeas, enquanto na monta natural, apenas uma fêmea”, explica.