Para conhecer um incubatório é preciso deixar a vaidade um pouquinho de lado. Até os integrantes da equipe de reportagem precisam tomar banho e vestir uniformes e calçados especiais. “Todos os dias, antes de iniciar sua jornada de trabalho e também na hora de ir embora, os funcionários passam pelo banho”, diz Sandro Colet, veterinário sanitarista de um incubatório de frango de corte em Sidrolândia (MS). Brincos, pulseiras, relógios ou equipamentos indispensáveis, como a câmera de gravação, só se passarem pelo processo de desinfecção no fumigador. Tudo isso faz parte de um rígido esquema de segurança para garantir a saúde dos ovos e dos pintinhos recém-nascidos.
Tolerância zero para sujidades
“Roupas e calçados de fora devem ser deixados no vestiário, ou, como chamamos, na área suja. Isso porque qualquer material pode carregar vírus e bactérias. Não conseguimos pensar em sanidade sem zelar pela limpeza em todos os processos na área interna”, explica Sandro.
Antes de entrar na área limpa, é preciso higienizar as mãos com álcool em gel e as solas dos sapatos no pedilúvio. Além disso, toda a estrutura do incubatório é lavada e desinfetada de forma sistemática. Pequenas sujidades acumuladas de um dia para o outro representam riscos de contaminações que podem perdurar durante todo o processo de incubação. Para monitorar o nível de eficiência dos procedimentos, materiais são coletados e enviados aos laboratórios.
De olho nas cascas
“Somente recebemos ovos aptos para a incubação”, diz Sandro. O incubatório de Sidrolândia recebe em média 250 mil ovos por dia. Em um mês, são cerca de 6 milhões e 200 mil ovos. Tudo é planejado. “Todos os ovos recebidos são avaliados e precisam apresentar características perfeitas. Na própria casca já dá para encontrar informações: quando as galinhas botaram os ovos, de qual granja vieram… Assim, se por acaso algo não correr bem, dá para identificar a origem de cada um e investigar o problema”.
No incubatório, novamente, os ovos são selecionados. Uma máquina remove os que não possuem embriões viáveis. Ainda dentro dos ovos, os embriões são vacinados contra marek e outras doenças. A vacina é injetada no líquido amniótico e absorvida pelos embriões. Com máquinas modernas, é possível vacinar um grande número de ovos ao mesmo tempo. “É um procedimento muito prático, rápido e seguro do ponto de vista sanitário. Graças à tecnologia, além da perfuração da casca do ovo com uma agulha que perfura e injeta a vacina, é injetado também um desinfetante que impede a contaminação dos embriões por agentes externos”, explica Sandro.
Vacinação no ovo
E finalmente, ao nascer, uma dose de vacina por spray deixa os filhotes pintadinhos. Essa visa a proteção das aves contra a bronquite infecciosa, uma doença endêmica. Como o vírus se multiplica no trato respiratório das aves, a vacina via ovo não teria o efeito esperado. Sandro explica que o corante vermelho tem duas finalidades: identificar quais receberam a vacina e chamar a atenção dos próprios animais. “A cor é atrativa para os pintinhos. Desperta a curiosidade e faz com que se biquem levemente, absorvendo as gotículas superficiais. Caso algum não tenha recebido a dose, acaba se vacinando também. Temos vacinas obrigatórias pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e cem por cento dos animais são imunizados, garantindo saúde e bem estar. Os animais vão para as granjas de frango de corte protegidos e carregando também a proteção interna que receberam das mães nas granjas de matrizes”.
Produção segura
Do incubatório de Sidrolândia saem aproximadamente 200 mil pintinhos por dia para atender cerca de 130 integrados e um volume de 410 barracões. São animais saudáveis em perfeitas condições para crescer, evoluir e se transformar em frangos de corte com todas as características desejáveis para o abate. Todo o esquema de segurança montado nos incubatórios tem uma única finalidade: garantir a segurança alimentar para os consumidores finais. “Os processos realizados no incubatório são bastante complexos, mas ainda existem outros que contemplam o ciclo de produção. Diria que a etapa final acontece no frigorífico. Sempre que houver ovos, matrizes, pintinhos e frangos, os processos de limpeza, desinfecção e as barreiras sanitárias estarão presentes”, finaliza.