Antes de seguirem para o abate, os frangos passam por um período de jejum. São detalhes no final do ciclo de criação que, se não forem realizados da forma correta, podem colocar em risco a produção de alimentos, e aí todo o trabalho realizado até aquele momento terá sido em vão. O jejum pré–abate evita contaminações na carcaça e é uma questão de segurança alimentar.
De acordo com Rodolfo Nuernberg, zootecnista especialista em frango de corte, a empresa integradora comunica ao produtor o horário em que será iniciado o carregamento dos animais para o abatedouro. Seis horas antes da hora marcada, o fornecimento de ração deve ser suspenso. O objetivo do manejo é limpar o trato gastrointestinal intestinal dos frangos para não haver riscos de contaminação no momento do abate. “Preconizamos o mínimo de seis horas para um bom esvaziamento gástrico, pois o frango não pode chegar ao abatedouro com conteúdo no intestino e no papo. Os animais devem chegar à plataforma de abate sem que o jejum ultrapasse doze horas, o que poderia interferir no bem estar animal e ocasionar fragilidade intestinal”, explica Rodolfo.
Para ser efetivo, o jejum de alimentos deve ser acompanhado do consumo de água. Os produtores devem caminhar pelos aviários para incentivar o comportamento entre os frangos. “Manter o conforto térmico dentro dos galpões é muito importante, principalmente durante o inverno e nas regiões frias. Com frio, os frangos tendem a ficar aninhados e, assim, não procuram os bebedouros. A movimentação das aves é essencial para estimular o consumo de água e fazer com que eliminem o conteúdo intestinal. No entanto, é importante ser criterioso, pois exageros podem resultar em arranhões. O jejum é uma fase muito delicada em que as aves não podem se assustar, e, normalmente, os avicultores são habilidosos no procedimento”, diz Rodolfo. A luminosidade também é importante para incentivar o bom comportamento das aves e não pode ser baixa. Conforto térmico, movimentação, consumo de água e luminosidade são as orientações do profissional para um jejum bem realizado.
A equipe de apanha deve ter o menor contato possível com os dejetos das aves e, durante o transporte dos animais, não pode haver eliminação das excretas. De acordo com a legislação, o bem estar animal deve ser respeitado para que não haja desconforto. “Chegando ao frigorífico, o momento da evisceração exige atenção. Trata-se de uma zona muito bem protegida microbiologicamente, frágil e delicada, e o extravasamento do conteúdo intestinal oferece riscos de contaminações. Se houver problemas em um lote ou animal, o sistema de inspeção federal realiza o sequestro, ou condenação, e o produto não é vendido ao consumidor. O descarte da carcaça exige que os procedimentos de higiene sejam reforçados, na área do abate, atrasando a programação. Nesse momento, conhecemos o sucesso ou insucesso do trabalho realizado pelos produtores. A dedicação gera resultados e, geralmente, as aves chegam sem contaminações. São questões de respeito ao consumidor, ao frigorífico e aos animais”, afirma Rodolfo.
O casal de produtores Giovani e Deise Bechiol conta que realizada o jejum de maneira parcelada. Em box cercados, os pratos são retirados gradativamente. “Enquanto os primeiros frangos são apanhados, outros continuam comendo”, diz Deise.