Assim como nas granjas de frangos ou de suínos, ambiência é a palavra de ordem também nas granjas de perus. Para o bom desempenho zootécnico do lote, os animais precisam se sentir à vontade durante todo o ciclo de produção. Algumas ferramentas ajudam o produtor a garantir temperatura e ventilação ideais para o manejo das aves. A extensionista Allana Borella, de Caxias do Sul (RS), visitou uma granja de perus machos pesados e explica que arborização e lavagem de telas auxiliam o produtor na manutenção da ambiência. “Com a arborização, é possível diminuir a incidência de calor dentro dos galpões. Já a lavagem de telas nos auxilia para uma maior e mais constante renovação de ar”.
O integrado Valdecir Pauletti conta que, nos dias mais quentes, as ferramentas ajudam a diminuir entre 3 e 5 graus a temperatura dos galpões. “Isso influencia no bom desenvolvimento do lote, no ganho de peso dos animais e na rentabilidade da minha granja, promovendo o conforto das aves. É muito importante, principalmente a lavagem de tela, que auxilia na passagem e na renovação de ar e me ajuda a ter menos poeira dentro dos galpões, diminuindo os problemas respiratórios. As árvores também dão um bom resultado e aqui optamos pelo álamo. No inverno, as folhas caem”, disse. Além disso, um painel controlador de ambiência permite programar temperatura e umidade de acordo com a idade do lote. “Ele faz a função automaticamente, ligando e desligando. Assim, sabemos que as aves sempre estarão na ambiência desejada”, explica Valdecir.
O expansionista Janiel Guzzo, também de Caxias do Sul (RS), destaca os investimentos necessários na estrutura dos aviários de perus. “São duas fases alojadas. Um aviário terminador no tamanho padrão possui 2100 metros quadrados. As dimensões são de 150m por 14m, e alojamos três machos ou seis fêmeas por metro quadrado. É um aviário de pressão positiva, com sistema de ventilação usando ventiladores (um para cada 65 metros quadrados), bebedouros e comedouros dentro dos padrões, além do sistema de nebulização transversal e fornalha para aquecimento. O projeto fica em torno de R$300 por metro quadrado de construção. Há um aporte da empresa integradora, um incentivo ao integrado, em torno de quarenta por cento do valor da obra”.
Já o médico veterinário Adriano Martins conta que as diferenças entre as granjas iniciadoras e terminadoras são bem significativas. “São praticamente dois animais diferentes dentro do ciclo de produção. No iniciador, destaco um trabalho muito sério em relação à climatização das granjas, que permite um controle mais eficiente do ambiente. Como consequência, observamos melhores resultados zootécnicos na categoria. As vantagens se estendem à qualidade do trabalho dos produtores, pois, sendo mais eficientes e racionais no manejo, há menos retrabalho e mais sucesso. Assim, na transferência para a segunda fase, conseguimos entregar aves cada vez mais bem preparadas. Acreditamos na tecnologia e trabalhamos para que ela funcione da melhor forma. Na terminação, destaco o peru de Natal, que tem características um pouco diferentes e é abatido mais jovem, pesando 4,5 quilos. É uma ave festiva, mais jovem e mais leve”.
Adriano diz ainda que nos últimos dois anos as granjas de terminadores estão sendo habilitadas com sistemas de aquecimento mais robustos e maior quantidade de equipamentos. “São granjas em que precisamos, por exemplo, abrir os galpões mais cedo. É uma evolução no manejo que permite melhoras significativas no aproveitamento da carcaça e contribui para que tenhamos uma carne mais saudável e saborosa, protagonista na nossa ceia de Natal”, disse. Os perus adultos (com mais de doze semanas) estão bem adaptados às baixas temperaturas, como as estações mais frias na Serra Gaúcha. “É nesse cenário que expressam seu melhor potencial genético e se desenvolvem melhor. O sombreamento e a limpeza de telas para manter as granjas ventiladas são essenciais. Aprovamos um programa de incentivo para acelerar a construção de novas granjas e melhorar a estrutura de ambiência das já existentes, adequando o número de ventiladores e o sistema de resfriamento. Assim, nas estações mais quentes, conseguiremos os mesmos resultados em conversão alimentar e reduziremos as condenas. Queremos tratar a categoria de forma especial”, conclui.