É realmente o que parece. A “nutrição in ovo” significa a inserção de nutrientes através da casca do ovo, no líquido amniótico. É aplicada em aves com idade de incubação entre 17 e 18 dias. A quantidade de suplemento a ser administrada depende do tipo de solução e dos nutrientes escolhidos. Geralmente, não pode passar dos 0,6 ml.
O principal objetivo é disponibilizar nutrientes ao embrião, fornecendo maior eficiência digestiva, reduzindo a morbidez e também a mortalidade depois da eclosão. Lembrando que em hipótese alguma a suplementação in ovo pode substituir as mínimas condições de incubação e o fornecimento da dieta no momento da eclosão.
Palavra do especialista
Apesar de apresentar resultados positivos, a nutrição in ovo ainda não foi adotada comercialmente no país. A técnica está sendo estudada. Especialistas argumentam que os resultados são promissores, mas, de acordo com o médico-veterinário Cláudio Franco, existem alguns entraves e desafios tecnológicos para sua execução.
“Há uma questão de padronização de protocolos que precisam ser delineados. Por exemplo: há uma quantidade específica de volume? Qual nutriente especificamente será utilizado? A idade entre 17 e 18 dias vem se mostrando funcional, mas ainda existem estudos a serem feitos. A indústria avícola, em parceria com o meio acadêmico, está trabalhando incansavelmente para encontrar uma forma de adequar esses protocolos de utilização”, diz.
O principal ponto é adequar a nutrição da matriz para garantir o desenvolvimento nutricional dentro dos ovos. Assim, o pintinho nasce e cresce saudável.
“Com a genética atual, há um grande avanço para crescimento, ganho de peso e redução da idade de abate das aves. Hoje, a ave é abatida com 38 dias, e a incubação é realizada com 21 dias. Isso representa 35% da vida toda da ave, que é precoce e demanda uma quantidade nutricional muito alta. No caso do mamífero, há a placenta. Já com o ovo não acontece assim”, explica Franco. “Uma matriz jovem, em torno de 28 a 40 semanas de idade, apresenta maior dificuldade de passagem dos nutrientes para o embrião. Podemos trabalhar uma inoculação nesses ovos”.
Carboidratos vs. proteínas
Estudos demonstram que carboidratos, vitaminas, minerais e até aditivos funcionais, como bactérias benéficas utilizadas internamente, podem auxiliar os animais a eliminar bactérias patogênicas em seus trato gastrointestinal.
“Além disso, no ovo há apenas 1% de carboidratos, ou açúcares, que geram uma energia rápida para o embrião. Por isso, o futuro pintinho metaboliza a proteína do ovo para produzir energia. Se essa proteína fosse utilizada apenas para a produção de músculo, o animal nasceria com mais peso e se desenvolveria melhor ao longo da vida. Suplementando a nutrição com carboidrato, poderíamos direcionar a proteína para outra finalidade”, finaliza Franco.
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