Todo produtor de animais sabe que se os problemas de saúde aparecem, as perdas econômicas são significativas. Mas nem todas as doenças observadas nas galinhas são observadas nos perus, e vice–versa. Cada manejo tem as suas particularidades. No Brasil, o manejo de perus vem sendo aperfeiçoado e, hoje, algumas doenças sérias que comprometiam a saúde das aves décadas atrás já não são mais registradas. Porém, não dá para descuidar. O controle sanitário deve ser constante.
Salmonella Arizonae
Algumas doenças são exclusivas ou acometem mais os perus. A arizonose é uma enfermidade bacteriana causada pela Salmonella Arizonae cuja infecção já foi descrita em répteis, mamíferos (incluindo o homem) e em aves de várias espécies, mas a mais sensível é o peru. Em galinhas a doença é rara e os sinais são bem mais leves.
Dos machos para as fêmeas, das mães para os filhotes
De acordo com um estudo publicado na Revista Brasileira de Reprodução Animal, a arizonose se manifesta de forma mais severa nos peruzinhos, mas é observada em aves de todas as idades e, principalmente, em perus mais jovens. A bactéria pode ser encontrada no sêmen dos machos e no aparelho reprodutor das fêmeas e é transmitida aos filhotes. Além disso, a bactéria se multiplica no intestino dos animais e é eliminada em grande parte pelas fezes, contaminando o solo, a água, o alimento e o ambiente. A arizonose pode causar desconfortos intestinais geralmente acompanhados de outros problemas como cegueira, ocasionalmente pneumonia e até mortalidade.
Medidas de prevenção
O uso de antibióticos reduz significativamente a mortalidade e os sinais clínicos, mas, aves sobreviventes à arizonose permanecem portadoras da bactéria. Lotes de matrizes doentes devem ser rapidamente identificados pelos sinais clínicos, isolados dos demais lotes e até mesmo eliminados. Já o tratamento adequado dedicado aos perus de um dia nascidos de matrizes contaminadas é eficiente no controle da doença. As medidas de prevenção estão relacionadas às normas de biosseguridade, que devem ser rigorosas nas granjas de perus de corte, de matrizes e nos incubatórios. No Brasil, há décadas não há relatos de casos.
Pasteurelose
De acordo com o médico veterinário André Vieira, alguns sorotipos da Salmonella acometem mais os perus, como é o caso da Arizonae, no entanto, as demais são comuns entre frangos e perus. A pasteurelose é outra doença comum entre as espécies, mas mais comum em perus, e que, antigamente, era trazida das granjas familiares de suínos para as granjas de aves. “A doença causa um quadro de complicações respiratórios bastante sério. Hoje, os relatos são bem raros, mas a pasteurelose ainda nos preocupa. Os tratamentos, cuidados e protocolos de higiene nas granjas de frangos e perus também são iguais. O produtor deve dedicar atenção especial à prevenção de doenças e investir em ambiência, qualidade da água e qualidade da ração”, explica.
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Mycoplasma meleagridis
As micoplasmoses em perus são tão importantes como as micoplasmoses em galinhas. O Mycoplasma meleagridis é um micoplasma que infecta exclusivamente perus e, apesar de amplamente distribuído no mundo, está controlado na produção comercial. A doença causa problemas como redução do desempenho e diminuição de eclosão. A infecção do trato reprodutivo das fêmeas ocorre principalmente devido à introdução de sêmen de machos infectados, mas a transmissão também acontece por meio da presença da bactéria em equipamentos, veículos e transferência de aves contaminadas.
Programa de erradicação
Os sinais clínicos se manifestam principalmente em aves jovens infectadas via ovo e, portanto, o processo de inseminação deve ser rigorosamente controlado. Os peruzinhos nascidos são de qualidade inferior e pode haver aumento da mortalidade na primeira semana de vida. A gravidade da infecção pode ser reduzida pelo uso de antibióticos e, como não existe vacina, biosseguridade é a palavra de ordem. Graças ao programa de erradicação, há quase vinte anos não há registro da doença nas linhagens comerciais no Brasil. Assim como em relação à salmonella, existe uma normativa para micoplasmas em conformidade com o Programa Nacional de Sanidade Avícola.