Quarenta associações e entidades ligadas ao agronegócio brasileiro se uniram e enviaram uma carta ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, pedindo apoio do governo federal para garantir o funcionamento da logística nacional de abastecimento. No conteúdo, manifestaram preocupação com o Porto de Santos, já que estivadores cogitaram paralisar as operações na última quarta-feira, 18, desistindo após uma reunião. As associações e entidades também chamaram a atenção para a preservação das necessidades humanitárias e pediram para que seja evitada uma crise sem pretendentes em nosso país, o que representaria um efeito dominó com prejuízos incalculáveis.
Para Ricardo Santin, diretor da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o momento é difícil, mas com união, calma e respeitando as regras da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde, o desafio será vencido pelo mundo todo. De acordo com Santin, o governo federal tem trabalhado fortemente junto a um comitê de crise interministerial, que inclui Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“Tereza Cristina, como representante da nossa classe, tem sido absolutamente proativa e dedicada. Esperamos que o governo nos atenda, aliás, já está nos atendendo. Em alguns estados produtores, algumas medidas talvez possam criar dificuldades, mas temos conversado com todos os governadores para que continuemos produzindo alimentos. Para que possamos nos proteger, temos que estar bem alimentados”, disse.
Ainda de acordo com Santin, é importante garantir que a cadeia de distribuição de alimentos funcione normalmente para que ninguém precise se deslocar. “Nós temos hoje um setor que representa R$ 80 bilhões de PIB (Produto Interno Bruto) girando na cadeia, só de exportação são U$8,5 bilhões hoje, são 4,1 milhões de pessoas trabalhando na cadeia, mais de 120 mil pequenas famílias que estão trabalhando no setor como integrados de aves, suínos ou ovos. É muito importante que o governo tenha noção não só do tamanho do setor, mas acima de tudo da importância do que se faz. Nós produzimos alimentos que ajudam na segurança alimentar do Brasil e do mundo. O próprio ministro da Saúde disse ontem que nós precisamos deixar o frango passar, a comida passar, e acima de tudo os insumos, para que nossos produtores na granja consigam criar a ave, o suíno, o ovo que vai para a mesa das pessoas nas cidades, esse é o apelo que nós estamos fazendo junto ao governo com respaldo da ministra Tereza Cristina”, disse Santin
Ele ressalta que o momento é delicado e será ainda mais nas próximas três semanas, mas acredita que as dificuldades serão vencidas.
De acordo com o diretor da ABPA, são duas as prioridades no momento: preservar a saúde dos colaboradores e seguir com a produção de alimentos. Santin afirma que as fábricas estão seguindo à risca todos os procedimentos de segurança.
“Nas merecidas pausas, que sejam respeitadas as distância de dois metros entre as pessoas e que sejam evitadas as aglomerações. Também deve ser feita a vigilância ativa, com medição de temperatura e questionários para saber se alguém esteve perto de uma pessoa infectada. Em caso afirmativo, não é permitido entrar na fábrica. Quem pertence aos chamados grupos de risco já está afastado. Estamos fazendo tudo o que é possível para proteger nosso colaborador e nosso produtor no campo. Façamos a nossa parte para trabalhar naquilo que é essencial no momento, ou seja, a produção de alimentos”, finalizou.