Para o bom funcionamento de um aviário, é preciso proporcionar condições ambientais adequadas às aves. O piso deve sempre ser recoberto pela cama, um material que, além de ajudar a manter a sensação térmica ideal, oferece conforto para os pés e serve como esponja para dejetos. De acordo com Lucas Alves de Souza, gerente de Agropecuária, a qualidade da cama funciona como um indicador das boas técnicas de manejo.
“A qualidade da cama é um termômetro para a gente saber se o lote vem se desenvolvendo bem. É um termômetro para avaliar qualidade da carcaça, da pata e o desempenho zootécnico do lote, como peso intermediário, consumo de ração e água. Cem por cento do lote hoje depende da qualidade de cama”, explica o gerente.
Cama é sinônimo de qualidade de vida, que significa bem-estar animal. Não existe lote bom com cama ruim. Mateus Siqueira, de Guareí (SP), possui dois aviários com um total de 47 mil aves. Na propriedade dele, manter a qualidade da cama é uma prioridade. “Eu sempre falo que a qualidade do lote depende da ambiência, e metade da ambiência se resume à qualidade de cama. Um lote com boa cama tem bom desempenho, já uma cama de má qualidade nunca vai desempenhar o lote bem. Pode ser a genética que for, se não tiver o conforto ideal, o lote não vai alcançar seu máximo potencial”, diz.
As aves de Matheus estão bem saudáveis e à vontade. Para obter o melhor desempenho de cada lote durante o período de criação, que leva mais ou menos 40 dias, “ambiência” é a palavra de ordem. A qualidade da cama está relacionada à sensação térmica.
“Na fase inicial a gente preza pelo calor e pela troca de ar, o que chamamos de fogo e vento, pois o ar tem que estar circulando. Nas fases intermediárias, trabalhamos com bastante transição de ar. Já na fase final, velocidade de vento, umidade e controle de temperatura”, explica o gerente Lucas.
A ambiência influencia totalmente a qualidade do ar. O ideal é não ter umidade alta dentro do aviário e estar atento, já que as próprias aves produzem umidade. “Tem que encontrar a temperatura ideal, além de manter a ventilação e a troca de ar”, completa.
O produtor precisa estar atento principalmente nas épocas mais chuvosa do ano. A umidade pode causar o abafamento das aves. “Se o frango enfrentar um stress calórico, um stress térmico durante o ciclo de produção, vai aumentar muito a mortalidade do lote na reta final. As sondas de umidade, pressão e temperatura auxiliam cem por cento no manejo, pois nos ajudam a controlar as condições dentro do aviário. Fazemos a leitura das informações no painel e adequados conforme a necessidade das aves”, explica Matheus.
Dependendo da região da propriedade, a cama é composta por maravalha, pó de pinus, casca de amendoim ou de café junto com as fezes das aves produzidas durante o período de criação. A cama deve ser trocada a cada seis lotes, e o manejo é sempre feito no intervalo.
“Vinte e quatro horas após a saída dos frangos, o produtor enlona a cama, e assim, enlonada, ela permanece por sete dias. Depois, se necessário, é feito o trabalho de queima das pena e homogeneização da cama para deixá-la bem seca para receber os pintinhos do próximo lote. A cama ideal hoje deve ter no mínimo de 8 a 10 centímetros de espessura”, orienta Lucas. “A cada saída de lote a gente tritura toda a cama, mas, durante a produção, o controle absoluto é de ambiência. Não há interferência na cama para não dar problema de carcaça das aves, como dermatite e dermatose, e para um frango não arranhar o outro”, completa Matheus.
Se o manejo da cama não for feito de forma adequada, o produtor pode arcar com prejuízos. As consequências são várias, podendo até haver condenação do lote no momento do abate no frigorífico. Não é o caso do Matheus. “A qualidade de cama está muito boa, ele está de parabéns pelo que vem entregando”, elogia Lucas. “Tem que cuidar no começo para no fim aproveitar o que o frango tem para oferecer, todo o potencial dele”, diz o criador.