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Ração: preço alto do milho preocupa indústria e produtores independentes

Queda no consumo do etanol de milho por conta do coronavírus deve impactar mercado. Produção de alimentos segue estável, diz especialista

 

Um índice histórico, 35% da safra 2020/2021 da soja brasileira está vendida. De acordo com a Brandalise Consulting, o comum para essa época são 15%. A safrinha de milho, que começou a ser plantada dias atrás, já está mais de 65% comercializada. O ritmo do mercado brasileiro está impulsionado pelo dólar disparado.

É, mas se por um lado produtores de grãos comemoram… Por outro, criadores de animais andam preocupados com os preços dessas que são as matérias-primas para a ração. De acordo com Arene Trevisan, diretor executivo de commodities da Seara, o contexto econômico brasileiro acompanha as movimentações do mercado  internacional. “No Brasil,  o ano de 2020 começou com um estoque baixo de milho devido ao volume de 41 milhões de toneladas exportadas. A valorização do câmbio entre 36 e 40 por cento, a seca no Rio Grande do Sul e o atraso no plantio da safrinha são eventos importantes que impactaram o mercado interno”, diz.  

Ainda de acordo com Trevisan, a colheita da safrinha deve começar em junho e, dependendo da quantidade total de milho exportada, os estoques vão continuar curtos no Brasil. Trevisan explica que Nos Estados Unidos, onde é esperada uma grande safra estimada em 400 milhões de toneladas, 3% do milho já foi plantado, mas deve haver um excedente de produção, já que o consumo de etanol de milho vem caindo. “São volumes grandes que ajudam a recompor o estoque global e o estoque americano. Os EUA consomem 140 milhões de toneladas aproximadamente de etanol, mas o consumo caiu devido ao isolamento social provocado pelo coronavírus. Uma produção melhor, com o consumo menor, acaba gerando um excedente, o que reflete no preço nas bolsas”, disse.  

As oscilações dos preços dos grãos estão sendo acompanhadas bem de perto pelos especialistas. Para Trevisan, o momento exige racionalidade. “Não é só o Brasil, todos os países do mundo todo estão enfrentando uma situação desafiadora por conta do coronavírus. Mas acredito que a produção e o consumo de alimentos deve permanecer estável por aqui graças à eficiência e à capacidade do setor de conduzir as operações de maneira responsável”, afirmou. 

Os integrados não sentem tanto as oscilações no mercado de grãos, já que recebem das empresas integradoras o alimento que será consumido pelos animai. Nesse caso, é a indústria que absorve os altos custos de produção, diferente do que acontece com os produtores independentes. De acordo com José Antônio Rosas, diretor de Excelência Agropecuária da Seara, o desafio exige um trabalho de planejamento, organização e gestão de estoques muito grande para conseguir administrar os custos. “Também olhamos com muito carinho e seriedade para o relevante trabalho dos produtores independentes. Todas as vezes que a gangorra desequilibra demais para um lado, precisamos avaliar como vamos continuar produzindo sem que haja necessidade de um repasse exacerbado ao consumidor final. Estamos aguardando os próximos dias. São muitas variáveis envolvidas, mas o setor está atento e tem muita gente competente trabalhando de olho nas oscilações do mercado interno e externo”, finalizou.