O ditado “a gente é o que a gente come” é especialmente verdadeiro no contexto da avicultura. Para as aves de corte, um dos principais componentes das rações é o milho, que representa de 60 a 70% do conteúdo nutricional das dietas. A qualidade desse milho é determinante para o desempenho e a saúde das aves, impactando diretamente a cadeia produtiva.
Entre os fatores que influenciam a qualidade do milho estão a umidade, a presença de micotoxinas, impurezas e grãos contaminados por fungos. Estes elementos podem prejudicar tanto o valor nutricional quanto a segurança alimentar do produto final.
O Ligados & Integrados conversou com o médico-veterinário e professor da Universidade Federal de Santa Maria, Carlos Mallmann, especialista no tema, que explicou melhor os impactos de cada um desses fatores e as práticas recomendadas para manter a qualidade desse insumo essencial. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
Critérios de classificação do milho no Brasil
Atualmente, a classificação do milho no Brasil se baseia principalmente em critérios físicos, que consideram características como a umidade, a presença de grãos quebrados e a incidência de carunchos. Estes critérios definem a classificação do milho em tipos 1, 2, 3, fora de tipo ou até mesmo como desclassificado, caso o produto apresente mais de 5% de material deteriorado.
A tecnologia de análise da qualidade do milho evoluiu nos últimos anos e, além dos critérios físicos, já considera fatores nutricionais e micotoxicológicos. No entanto, os critérios físicos ainda são os mais utilizados no mercado.
O professor Mallmann destacou que a umidade é um ponto crucial para a conservação do milho, sendo o nível ideal de até 14%, um parâmetro importante para garantir a segurança durante o armazenamento.
A influência da umidade e da atividade de água
Além do nível de umidade, a atividade de água no milho também é um fator relevante. A atividade de água mede a quantidade de água disponível para o crescimento de microorganismos.
Para que o milho se mantenha seguro, este índice deve estar abaixo de 0,7, pois valores superiores facilitam o desenvolvimento de fungos e bactérias, que prejudicam a qualidade do milho e podem contaminar as rações.
A medição correta da atividade de água e da umidade é essencial para manter a estabilidade do milho no armazenamento. Segundo o professor Mallmann, respeitar esses limites reduz o risco de proliferação de fungos, o que é fundamental para garantir a segurança e a qualidade nutricional do milho.
Riscos das micotoxinas e o impacto na produção animal
As micotoxinas, substâncias tóxicas produzidas por fungos, são outro grande desafio para a qualidade do milho utilizado na avicultura. A contaminação por micotoxinas pode ocorrer tanto durante o cultivo quanto no armazenamento do milho.
Essas toxinas são prejudiciais à saúde das aves, provocando problemas como imunossupressão, danos reprodutivos e até mortalidade, além de gerar perdas econômicas para os produtores.
Para evitar a proliferação de micotoxinas, é essencial que o milho seja armazenado em condições adequadas, sem excesso de umidade e em ambientes frescos. Com o aumento da resistência a antibióticos na produção animal, as micotoxinas voltaram a ser um problema crítico, exigindo medidas eficazes de controle no armazenamento e processamento.
Prevenção e manejo adequados no armazenamento
Para evitar a deterioração do milho, o controle rigoroso de temperatura e umidade durante o armazenamento é fundamental. A manutenção de silos em condições adequadas e o monitoramento regular dos grãos são práticas essenciais para reduzir os riscos de contaminação e preservar o valor nutricional do milho.
A qualidade do milho afeta não apenas a saúde das aves, mas também a sustentabilidade da cadeia produtiva. O milho contaminado compromete a produção, reduz o desempenho das aves e gera um impacto financeiro direto para os produtores.
O professor Mallmann enfatiza que a preservação da qualidade do milho é uma das estratégias fundamentais para a sustentabilidade do setor, pois evita perdas, otimiza o uso dos recursos e garante a segurança alimentar.
Os cuidados com a qualidade do milho representam um investimento na eficiência da produção de aves de corte e contribuem para um mercado mais competitivo e sustentável. Em um setor altamente dependente da qualidade dos insumos, a preservação do milho é essencial para o sucesso da produção avícola.
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