Nesta edição do Ligados & Integrados, nós respondemos ao telespectador Fernando Luiz de Oliveira, de Boituva (SP). O médico veterinário José Carlos Mazutti é sanitarista e esclareceu à seguinte dúvida: como evitar a aerossaculite? Há tratamento?
Conhecida também como doença do saco aéreo, a aerossaculite é uma infecção respiratória. As aves possuem 9 “sacos aéreos”. São estruturas, membranas translúcidas que comunicam-se aos brônquios e pulmões, e estão distribuídas em toda cavidade torácica-abdominal das aves se estendendo até as cavidades dos ossos pneumáticos. Permitem uma circulação rápida do ar pelos pulmões, auxiliando na respiração (Fole). Os sacos aéreos inflam deixando a ave mais leve, as tornando mais leves para o voo (balão), além de ajudarem a manter a temperatura corporal pela difusão do calor e da água pelos pulmões.
A aerossaculite é uma das principais causas de condenação total e parcial em carcaça de frango em decorrência de seu acometimento extensivo dos sacos aéreos, causando um grande impacto econômico para as empresas. “O produtor encaminha as aves para o abatedouro. Chegando lá, têm a inspeção das aves, a averiguação da carcaça (SIF), onde é avaliado se tem aerossaculite. Caso seja constatado, a carcaça é desviada para outra linha, a de cortes, para condenação total ou parcial (cortes como: coxa, sobrecoxas)”, explica o sanitarista.
Como identificar no campo?
O produtor começa a observar uma mortalidade no seu lote, e geralmente aciona o técnico de campo, para que ele possa fazer uma necrópsia de aves (abre as aves, para ver se tem algum sinal clínico) e assim averiguar se tem ou não aerossaculite. Na sequência, o produtor informa o sanitarista e ele avalia a necessidade de medicar o lote e outras medidas necessárias.
Os sinais clínicos, nos casos agudos, são abatimento, perda do apetite, corrimento nasal e respiração difícil e ruidosa. José Carlos reforçou que geralmente as aves que estão acometidas por aerossaculite têm um abatimento visível. “É comumente confundida com uma bronquite, porém não é. Então, quando a ave começa a ter esse sinais clínicos, geralmente o produtor já informa o extensionista, que vai até a granja para fazer a monitoria sanitária”, disse o veterinário.
Viral, bacteriana, por fungos ou falha de manejo
“As causas podem ser diversas, entre elas a inalação de gases irritantes (desprendidos de produtos químicos, desinfetantes, AMÔNIA, CO2, poeira), isso muitas vezes associadas às falhas de manejo de cama do aviário e falhas de ambiência como ventilação. Pode ser causada também por agentes infecciosos como vírus, bactérias (E.colli, Mycoplasmas) e fungos (Aspergillus)”, explicou o especialista.
Por estar interligada com o sistema respiratório dos animais, fatores ambientais adversos como umidade da cama, variações climáticas, ventilação e presença de poeira e gases irritantes criam condições ideais para a instalação e multiplicação de agentes infecciosos uma vez que promovem agressões ao trato respiratório.
O melhor tratamento é a prevenção
Contra os agentes infecciosos citados, a medicina veterinária recomenda o uso de antibiótico de largo espectro, mas a melhor forma de tratamento sempre é a prevenção. “O produtor precisa ter um controle de biosseguridade na granja criterioso, um controle de sanidade avícola dentro da propriedade também”, reforça o veterinário.
É necessário adequar o sistema de produção a protocolos de biossegurança e sanidade avícola como boa higienização e desinfecção do ambiente, vazio sanitário, controle de temperatura para evitar variações climáticas bruscas, escolha de um bom material para cama evitando assim umidade e dispersão de poeira, boa ventilação e um rígido e eficiente manejo para evitar o acometimento dos plantéis por essa doença altamente responsável por propiciar significativas perdas econômicas para a indústria avícola.
O médico veterinário destacou que há tratamento para os quadros de aerossaculite. “Primeiro de tudo, a gente tem que tentar entender qual é a causa dessa aerossaculite, para daí entrar com um medicamento. Geralmente, é usado um antimicrobiano, um antibiótico de largo espectro que vai agir em mais de um agente patogênico, mas a melhor forma de tratamento é a prevenção. Não deixar que ocorra a aerossaculite e realizar o manejo corretamente”.
Assista a entrevista completa no vídeo abaixo:
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