Soja, milho, granja de suíno… Diversificação de atividades não é problema na fazenda dos Bertella, em Campinas do Sul (RS). E já que os negócios vão muito bem, obrigado, o que mais eles poderiam querer? A resposta é: uma granja de frango. Uma integradora procurou pelo seu Giovani, afinal, a família deve ser boa no que faz… “A gente sempre procura trabalhar com as contas em dia, sempre buscando resultados e dando exemplos para ser sempre o melhor”, conta Giovani Bertella, produtor rural.
O fato de a família ser tão unida também é uma vantagem, afinal, o investimento é alto e leva alguns anos para ser pago. E quando os lucros aparecerem, quanto mais prosperar, melhor. Por isso, os filhos têm papel importante na continuidade dos negócios. “Não acredito que exista uma pressão pelo fato de ser um negócio familiar. Já estamos no meio, já sabemos como lidar com as situações, né? Então, fica fácil gerenciar e fazer aquilo que achamos que é rentável e que agrada. É um setor que tem prosperado muito e acho que vai dar muito certo”, diz o filho Felipe Bertella.
Giovani explica que enxerga a sucessão familiar de maneira muito positiva. Isso é bom para a empresa, que sempre procura produtores integrados pensando na sucessão familiar. Foi o que aconteceu com a gente. Temos dois filhos que estudaram fora, se formaram em Mato Grosso e hoje estão trabalhando em casa. É um grande incentivo para os negócios e para nós, pais, que sempre queremos os filhos perto da gente”, afirmou.
Hoje, é bem possível manter as família unidas no campo, como sonhavam muitas gerações antigas. Graças à modernização e à monetização, vale a pena trabalhar no meio rural. Para abrir uma granja ou ampliar os negócios, procurar um extensionista é o caminho ideal. O profissional avalia as possibilidades e orienta cada produtor. Maurício Bianchetto, expansionista que atua no Rio Grande do Sul, explica que algumas exigências devem ser atendidas no processo. “Primeiro, fazemos uma visita à propriedade e avaliamos o perfil do produtor que pode se tornar um integrado. Observamos se ele tem uma visão de empreendedor, porque um projeto como o da família Bertella envolve mão de obra, é uma empresa. É preciso entender muito da parte financeira, porque é um empreendimento que vai gerar mais de R$1 milhão por ano. Posteriormente, avaliamos a sucessão familiar. O produtor vai fazer um financiamento para no mínimo dez anos, então, é interessante ele ter alguém que dê seguimento aos negócios. Depois, há fatores como a propriedade e o relevo, se vai acomodar o nosso projeto. Também observamos condições de energia trifásica, água de qualidade, se vai haver um poço artesiano ou se será uma fonte de água protegida”, disse.
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Pensando na estrutura, é comum o produtor rural recorrer à prefeitura para pedir apoio ou financiamento. É uma saída para não pagar de uma vez só pela terraplenagem, por exemplo. Na propriedade dos Bertella, o custo foi de R$ 1 milhão. Já as obras dos quatro galpões, com 2.790 metros quadrados cada, os sistemas de segurança e sanidade custaram R$ 3 milhões com o financiamento de um banco. Em dez anos, tudo deve estar pago.
“Hoje, a parte de topografia e a parte de terraplenagem são as contrapartidas do produtor. Ele tem que ter o aporte financeiro para fazer a parte inicial. Mas nós damos todo o suporte, visitamos a propriedade e ajudamos a escolher a melhor área, conversamos com o pessoal da topografia, que é escolhido pelo produtor. Ele contrata as empresas que melhor lhe atendem financeiramente. Depois que a gente avalia a terraplenagem, podemos dar seguimento com a obra civil, que também acompanhamos. Nós tentamos estar o mais próximo possível e toda semana visitamos o produtor para que a obra ande mais rápido e seja efetiva. O passo seguinte são os equipamentos, e também permanecemos ao lado do produtor até que toda parte de montagem seja concluída. Finalmente, a entrega técnica é o dia em que checamos se tudo está ok. Fazemos todos os testes para verificar o funcionamento do aviário e entregamos a chave em mãos. Aí, está tudo pronto para o primeiro alojamento”, explica Bianchetto.
Foi assim com o seu Giovani. Com todas obras concluídas, alguns dias depois ele já recebeu o primeiro lote com 170 mil frangos. “A gente fica esperando naquela angústia, é aquela ansiedade para ver um projeto ficar pronto. É o sonho de qualquer pessoa. Quando chegaram os primeiros pintinhos… O primeiro é sempre o primeiro, é o que marca a vida da gente. Sempre tem a primeira vez, né? Depois, com o passar do tempo, torna-se uma rotina. Mas do primeiro lote eu cuidei com um carinho sem igual, tanto é que nos rendeu o primeiro lugar entre os integrados da região”, comemora o produtor.