É uma manhã muito importante na granja do Luciano Lico em Mogi Mirim, interior de SP. O galpão está vazio, mas, à noite, estará cheio de pintinhos ciscando por lá. Os momentos que antecedem a chegada do próximo lote envolvem expectativas e muito trabalho, já que o avicultor não pode errar na preparação do aviário para o recebimento dos filhotes. “Queremos sempre buscar os melhores resultados, então, ficamos bastante ansiosos”, diz ele. Na primeira semana de vida, as aves precisam aumentar seu peso em quatro vezes e meia. Falhas no período inicial podem prejudicar o desempenho dos animais e comprometer os resultados esperados durante os 40 dias do novo ciclo de produção.
Mais de quarenta mil pintinhos
“Tudo tem que funcionar perfeitamente para que tenhamos um lote uniforme”, diz Luciano. E ele está coberto de razão. O manejo pré–alojamento é uma das principais fases do ciclo de produção e deve ser impecável. Os pintinhos precisam encontrar um ambiente sem defeitos. “Vamos receber 40.500 aves nesse galpão e trabalhar dia e noite. Fico praticamente o tempo todo ligado neles, inclusive às madrugadas. Temos que fazer os pintinhos se levantarem e comer para garantir o ganho de peso”, afirma o produtor, que passa distribuindo ração pelo aviário para estimular as aves.
Alimento esparramado para chamar a atenção das aves
Ração esparramada em cima de um papel, é sujeira? Não! “As aves vêm sendo trabalhadas geneticamente ao longo dos anos, mas ainda trazem heranças. Chegando ao galpão, os pintinhos querem ciscar e bicar o chão, e aí encontram e comem a ração sobre o papel. O objetivo é estimular o ganho de peso e reduzir refugagem, principalmente nas primeiras horas de vida. A cada duas horas o produtor passa jogando ração, sempre em quantidade pequena. Isso chama a atenção do pintinho, uma ave tão curiosa”, diz o extensionista Fabiano Flausino.
Manutenção dos equipamentos
O intervalo entre lotes dura mais ou menos duas semanas e inclui os processos de manutenção e desinfecção de equipamentos, como comedouros e bebedouros. Fabiano visita a granja para checar se tudo funciona bem e se foram realizados os procedimentos de cloração da água e limpeza da caixa d’água. “Devem ser observadas a vazão de água no nipple, sendo 50 ml para cada ave na primeira semana de vida e um bico para cada 25 pintinhos, e a oferta e distribuição de ração, além da altura dos comedouros para que os pintinhos não tenham dificuldade em acessar o alimento. O ideal é um comedor para cada cem pintinhos”, alerta Fabiano.
Manejo da temperatura e manejo da cama
Na chegada dos pintinhos, a temperatura do galpão deve estar em torno dos 32 graus. Já a temperatura da cama deve estar entre 30 e 32 graus para que as aves se sintam à vontade.
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No intervalo entre lotes Luciano também fez a fermentação da cama para garantir um substrato bem fofo e confortável. Mas o manejo da cama é importante por outros motivos também. “Não só nos primeiros dias como em todo o ciclo de produção priorizamos a sanidade da cama, que deve estar bem seca. O substrato deve apresentar boa qualidade de absorção e uma granulometria que proporcione às aves condições de conforto”, explica o extensionista Fabiano.
Divisão do galpão e cortina para troca de ar
O galpão está dividido em dois para que os pintinhos permaneçam distribuídos de maneira uniforme nas pinteiras. É que estimuladas pelo barulho, as aves podem migrar de um canto para o outro do galpão. “Cada grupo de pintinhos fica confinado em sua parte do aviário. Assim, temos um adensamento regular”, diz Fabiano. Nada no galpão é por acaso. Observamos uma cortina transversal com um vão em cima, porém toda vedada embaixo. Isso auxilia na troca de ar. “Como embaixo o ar é mais gelado, uma boa vedação impede a entrada direta na região em que os pintinhos estão acomodados. A troca de ar sempre é realizada por cima para não prejudicar as aves”, completa o extensionista. Com o passar dos dias, os pintinhos vão ocupando toda a extensão do aviário. Aos poucos, a cortina vai sendo deslocada.
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Expectativas renovadas
O supervisor Anderson Milani explica que o objetivo do manejo no pré-alojamento é garantir que as aves cheguem já se sentindo à vontade para comer, beber e descansar, gastando o mínimo de energia possível e ganhando peso. “A cada lote, novos desafios e objetivos. O ambiente do Luciano está muito bem preparado para a chegada das aves. Certamente ao final do ciclo de produção ele ele vai colher bons resultados, com a sensação de dever cumprido”, diz ele. Palavras de um gerente que já acompanhou muitos pré-alojamentos. “A conversão alimentar e o ganho de peso serão excelentes”, acredita Anderson. “A chegada dos pintinhos e a saída do último caminhão carregado com os frangos crescidos para o abate são os momentos mais emocionantes para um avicultor”, finaliza Luciano.
Palavra do especialista
De acordo com o médico veterinário Bruno Cesar Bernardi, um novo lote começa a partir da saída da última ave do lote anterior. “No período de vazio sanitário, em que o produtor se prepara para o alojamento do novo lote, o foco nas aves deve ser total. Recomendamos uma boa reserva de insumos, como lenhas para garantir o aquecimento ideal, por exemplo, para que nada seja feito de maneira atropelada. Organização é primordial para que não haja atrasos no recebimento dos pintinhos”, diz ele.
