POR ARIEL MENDES

Doença de Newcastle: O que é e como prevenir?

Entenda a Doença de Newcastle, seus sintomas, impactos na avicultura e as melhores práticas para prevenção e controle eficaz

Doença de Newcastle: O que é e como prevenir?
Doença de Newcastle: O que é e como prevenir?

Em 1926, a Doença de Newcastle foi diagnosticada pela primeira vez, no Condado de Newcastle, na Inglaterra. Altamente contagiosa, acomete várias espécies de aves silvestres e comerciais. Pode ser de alta, média ou baixa patogenicidade, como previsto no Código de Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

O vírus causador desta doença é conhecido como Paramixovirus aviário do tipo 1 (APMV1) e a variante do pombo denominada PPMV1. Entre os principais sintomas estão os respiratórios, como tosse e espirro, seguidos de incoordenação nervosa, torcicolo, diarreia e edema na cabeça. 

Dependendo da patogenicidade, a doença pode causar mortalidade de até 100% do lote afetado. A transmissão dentro do galpão é horizontal, ou seja, de ave para ave por meio de aerossóis e os vírus eliminados pelas aves enfermas ficam presentes nas fezes, no corpo das aves e no ambiente do galpão.

Por isso, as medidas de biosseguridade tornam-se as mais eficazes no que tange à prevenção e, no caso de aves de vida longa, como as reprodutoras e poedeiras comerciais, a utilização de vacinas. Algumas empresas, principalmente nas regiões norte e nordeste, vacinam também os frangos de corte.

O Programa Nacional de Sanidade Avícola do Ministério da Agricultura (Mapa) faz o monitoramento e controle, já que a Doença de Newcastle não tem cura, pode causar alta mortalidade e, ainda, provocar implicações no comércio internacional, uma vez que diversos países importadores exigem que o exportador esteja livre desta enfermidade.

Atualmente, vários certificados sanitários negociados ou renegociados pelo governo brasileiro preveem zonas ou compartimentos livres da doença, evitando o fechamento do país inteiro para as exportações. 

Os últimos casos da doença em nosso país ocorreram em 2006, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, todos eles em aves de subsistência, também conhecidas como fundo de quintal. Porém, recentemente, aconteceu um caso em aves comerciais no município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, em um lote de 14 mil frangos de corte que estavam alojados num galpão que sofreu alagamento devido às chuvas intensas na região.

O vírus identificado foi de alta patogenicidade, mais comum em pombos (PPMV1), de notificação obrigatória para a OMSA. 

Após o diagnóstico e isolamento viral, realizado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do Mapa em Campinas (LFDA/SP), o Brasil suspendeu voluntariamente as exportações de carne de aves e de material genético do país inteiro para os mercados que exigiam a condição de território livre da doença.

As medidas previstas no plano de contingência foram adotadas, como o sacrifício sanitário das aves remanescentes e a definição de raio de 3km (zona de proteção) e 7km  (zona de vigilância).

Os veterinários da Secretaria da Agricultura do Estado visitaram todas as granjas comerciais e as propriedades com aves de fundo de quintal existentes nas zonas de proteção e de vigilância e colheram amostras em casos suspeitos encontrados. 

Barreiras foram estabelecidas em alguns pontos para fazer a desinfecção de veículos que entravam e saíam da zona de proteção e de vigilância. Como os casos suspeitos deram resultados negativos e não houve a identificação de novos, aos poucos, as exportações foram retomadas e o Mapa informou à OMSA que o caso foi encerrado.

O Ministério agiu corretamente e a transparência adotada serviu para mostrar que somos um país confiável e que temos uma estrutura de defesa sanitária preparada e eficaz. 

Esse episódio fica de alerta para os produtores sobre a necessidade da adoção de severas medidas de biosseguridade, evitando a entrada de pombos e de outras aves silvestres nos galpões, bem como a proibição de visitas, desinfecção de roupas, calçados e veículos que acessam as granjas. Cabe também aos produtores informar imediatamente o Serviço Veterinário Oficial quando houver suspeita de doenças de notificação obrigatória, como é o caso da Doença de Newcastle e da Influenza Aviária. 

Atualmente, com a globalização, nenhum país está livre de apresentar enfermidades. O que a OMSA e os países importadores querem saber é se o país tem um programa de vigilância com laboratórios equipados para fazer o diagnóstico rápido e uma estrutura de defesa sanitária eficiente que detecte e erradique focos o mais rapidamente possível.

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