POR ARIEL MENDES

Influenza aviária em vacas leiteiras: o que sabemos até o momento?

São mais de 900 casos em 15 Estados americanos. Embora raros, casos de contaminação de mamíferos pelo vírus H5N1 têm sido reportados ao redor do mundo

Influenza aviária em vacas leiteiras: o que sabemos até o momento?

No dia 25 de março, a comunidade científica foi surpreendida com a confirmação, proveniente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sua sigla em inglês) de um primeiro caso de contaminação de vacas de leite no país pelo vírus de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade H5N1. 

A origem, provavelmente, foi por meio de aves silvestres, pois o subtipo do vírus é o mesmo que vem afetando estas aves e as comerciais desde 2022 (clade 2.3.4.4b), em alguns países. Provavelmente, estes animais voadores devem ter contaminado a água de bebida e ração das vacas. 

A partir daí, outros casos foram reportados em vários estados americanos e até o momento não se sabe, com certeza, como a doença se espalhou pelos Estados Unidos com tanta rapidez. São mais de 900 casos em 15 Estados. 

Nesse período, foram documentados casos de transmissão de aves silvestres para vacas, vacas para vacas e vacas para humanos. Para diminuir o risco da transmissão entre lotes de vacas, toda movimentação de animais entre fazendas passou a ser feita somente após a realização de testes. Importante dizer que a pasteurização do leite inativa o vírus diminuindo o risco da transmissão da doença para humanos. 

Embora raros, casos de contaminação de mamíferos pelo vírus H5N1 têm sido reportados ao redor do mundo nos últimos anos, principalmente em leões marinhos, focas, e golfinhos. Geralmente, ocorre porque esses animais consomem aves contaminadas ou doentes, já que muitas espécies de aves aquáticas podem ser infectadas e são  depositárias sadias do vírus. Carnívoros como ursos, lobos, tigres e gatos também já foram afetados. Recentemente, até uma cabra foi contaminada nos Estados Unidos.

A contaminação em humanos também é rara, mas possível. Normalmente, ocorre quando pessoas que lidam diretamente com o gado ou aves contaminadas têm contato muito estreito com os animais doentes. 

Até o momento, não foram registrados casos de transmissão de humanos para humanos. Esse fato fragiliza muito a hipótese levantada por algumas pessoas de que poderia vir a ocorrer uma pandemia a partir do vírus de Influenza Aviária.

Em 2023 e 2024, tivemos mais de uma centena de casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade em aves silvestres no Brasil e três em aves de fundo de quintal. Reforçando que o vírus não afetou aves comerciais, nosso país continua livre dessa enfermidade de acordo com as regras da Organização Mundial de Saúde Animal. 

Com o início da nova temporada de migração desses animais migratórios do Hemisfério Norte para o Sul, tivemos recentemente um caso na Colômbia e em Porto Rico. Nada parecido com o que ocorreu nas temporadas de 2023 e 2024. 

Mas como continuam ocorrendo diversos casos em aves nos Estados Unidos (o mais recente foi detectado no Estado da Georgia em aves comerciais), além de Europa e Ásia, os granjeiros devem redobrar os cuidados de biosseguridade. 

Na próxima semana (28 a 30 de janeiro), será realizada a tradicional feira International Production & Processing Expo 2025 de Atlanta, nos Estados Unidos, evento que atrai um número grande de produtores e técnicos do mundo inteiro, inclusive do Brasil. Por isso, é importante que essas pessoas façam uma quarentena de pelo menos cinco dias aqui no país antes de entrar em granjas, abatedouros, fábricas de ração e outros estabelecimentos avícolas. 

Roupas e calçados usados durante a viagem devem ser cuidadosamente lavados e desinfetados, assim como mochilas e malas. Em hipótese alguma, técnicos e granjeiros brasileiros devem visitar granjas no exterior, como pode acontecer durante as viagens de negócios ou a passeio.  


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