A Comissão para acompanhamento, desenvolvimento e conciliação é fundamental para a evolução da pecuária de integração. E você sabe como ter uma reunião com qualidade, de fato?
A pecuária de integração é um modelo relativamente novo. As leis são recentes. Até que tudo se adeque, problemas vão surgir. Por isso existe a Cadec. De tempo em tempo representantes da indústria e dos produtores rurais se unem para encontrar soluções.
A lei da integração foi sancionada em 2016, mas o sistema de integração existe por aqui desde a década de 60 e, hoje, corresponde a mais de 97% da produção de aves e 89% da produção de suínos. E olha que tem fila de produtores querendo entrar na integração.
A equipe do Ligados & Integrados ouviu alguns depoimentos de produtores de várias regiões do Brasil para saber o que eles estão achando do funcionamento e como é que eles se comportam nessas reuniões.
O Rogério Leme da Silva, atuante na Cadec de Jacarezinho, afirma que hoje a Cadec é uma conciliadora, junto com a empresa e os produtores. “Eu sou mais atuante com os produtores. Em prol da empresa e dos produtores. Uma informação não passada bem feita dá ruído diferente. Vários produtores podem entender de outras formas. Mas há um contato legal, que tem que ser resolvido.”
Mesmo ainda não tão atuante no Cadec, o Paulino Vigilato da Paixão nos contou que para ele como produtor, tem sido muito positivo o diálogo que a Cadec proporciona. “…os representantes eu conheço são exigentes. Mas acho que estão representando bem sim. Melhorou bastante, para nós porque eles brigam por causa de remuneração, essas coisas e daí, melhorou, ajustando os preços, as coisas, repassando conforme o lucro, dividindo com avicultor, isso melhora bastante.”
O gerente agropecuário em Jacarezinho, Diego Belle, acredita que o encontro mensal que realiza é um momento para juntos apontarem melhorias. “…o Rogério ajuda, ele traz os ruídos, as dificuldades do campo, nós devolvemos o que é possível de fazer e corrigir e sempre trabalhamos isso junto, o recado que fica é que a Cadec é o momento de conciliação, todo mundo coloca na mesa o que precisa melhorar e tem sido muito bom, as últimas Cades que conduzimos junto com os produtores tiramos muitos problemas da frente e isso nos ajudar a construir um caminho diferente para Jacarezinho. Isso tem ajudado bastante.”
Com um objetivo claro e definido, as reuniões da Cadec tornam-se motivadoras para produtores e integradoras alcançarem metas, esclarecerem dúvidas e tomarem rápidas decisões.
“Esse é o caminho. Tem que ter puxão de orelha porque nunca fazemos a coisa certa. Porque tem que ter uma visão diferente para corrigir também. Esse é o principal. Eu vejo que melhorou bastante e tem muito a melhorar ainda porque hoje estamos falando de alimento e alimento tem que ter qualidade. Objetivo de ambas as partes é esse. Qualidade do alimento”, conta Rogério Leme da Silva, avicultor.
Já o advogado Renan Rosisca reforça que a Cadec tem importância total nesse novo panorama da avicultura por proporcionar conversas francas entre todos e que isso só tem a agregar no relacionamento. “É um lugar de reclamação, de trocar ideia, planejar os próximos passos, e porque não de agradecimento quando tá correndo bem o programa né? Eu sou suplente e dou suporte jurídico quando precisa também. Hoje em dia o diálogo está bem desenvolvido, qualquer assunto relacionado ao frango pode ser debatido, tem questão da sanidade, de remuneração, intervalo, qualidade é um espaço bem aberto para discussões.”
A lei da integração estabeleceu que cada unidade produtiva deve ter sua própria Cadec, composta por até cinco produtores rurais e cinco representantes da indústria que se reúnem uma vez por mês. Um dos objetivos é promover a transparência na relação contratual.
O Renan Rosisca reconhece que a lei é nova, mas já traz avanços. “Com certeza desde 2016 com a lei da Cadec houve um aprimoramento do diálogo entre empresa e produtor, algo que existia certa dificuldade no passado, ainda existe em alguns pontos, mas o mais importante é que isso melhorou muito e por ser uma lei nova, tem muito mais para aprender e melhorar daqui para frente. Eu vejo com bons olhos para o futuro né?”
O diretor de excelência agropecuária na Seara, José Antônio Ribas, participou desde o início na elaboração da lei que trouxe essa inovação para dentro do sistema e que permitiu construir dias melhores. Ele tem visitado inúmeras Cadecs no Brasil, conversado com produtores e lideranças e acredita muito nesses encontros. “Pessoalmente, eu posso te afirmar que faz muito sentido a gente investir energia, qualidade nos debates das Cadecs para que ali juntos no dia a dia, com as pessoas que conhecem do assunto – o produtor que conhece muito da sua produção e a sua integradora, junto com o seu gestor, extensionista – para resolverem os problemas do dia a dia. É o momento de quem assiste o produtor e está lá junto como a Seara e a equipe de campo, para falar com o produtor e trazer os seus temas, preocupações, angústias, necessidades de melhorias, críticas ou sugestões para que a gente construa juntos e fique bom para todo mundo. O produtor bom tem que ganhar dinheiro e a gente tem que cuidar dele de maneira ímpar para que ele seja referência para os que precisam buscar melhorias de resultados e a Cadec é um belo ambiente para isso.”
Têm sido muitos os desafios dos produtores e as reuniões da Cadec são oportunidades de abrir a visão para novas possibilidades e de aprimorar o relacionamento, capacitação e o desenvolvimento do trabalho.
“São muitas portas que podem se abrir a partir de uma relação saudável que converge para os mesmos objetivos que é ter uma cadeia de produção de aves e suínos competitiva e sustentável. Tenho certeza que estamos construindo dias melhores e um Brasil protagonista na cadeia de aves e suínos para o mundo inteiro”, diz Ribas.
O presidente da ABPA, Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, acredita que o sistema fortalece a produção de alimentos no Brasil. “A criação de um marco legal tanto para a integradora como para o integrado trouxe mais transparência, credibilidade e estabilidade a esse sistema. Você sabe, a integração consegue conectar o nosso produtor com o mundo.”
De acordo com ele, o sistema alavanca as receitas em toda a cadeia de produção, distribui melhor a renda e melhora a qualidade do produto oferecido ao consumidor. “É muito bom que o consumidor quando chega na prateleira ele tem condição de saber de onde saiu aquele produto que ele está consumindo, e a integração dá isso, um processo de controle melhor, não só de ganhos, mas também de controle, de aplicação de requisitos e de cuidados muito melhores”.
Santin avalia que para escolher entre ser um produtor integrado ou independente existem muitos fatores a serem analisados. O produtor independente assume mais riscos. “No caso da integração você tem parâmetros de remuneração mais equilibrados e que nesse contrato acaba segurando as oscilações de mercado. O que não acontece com o produtor independente. É só uma questão de opção, é como eu e você, qualquer pessoa, alguns aplicam na bolsa, outros em poupança, a segurança que o cara tem.”