A carne de frango é a mais consumida no Brasil, o que demanda alta produção e, consequentemente, grande quantidade de resíduos gerados. A destinação correta garante que o meio ambiente e a saúde pública não sejam comprometidos. Para entrar na área reservada aos aviários do João Batista e da Kátia Zanette na região de itapetininga (SP), a equipe do Ligados e Integrados precisou usar roupas especiais e descartáveis. O objetivo é mitigar riscos de contaminação. Tanto zelo e cuidado com as aves implicam na utilização de produtos específicos. E o casal sabe muito bem o que fazer com o lixo que sobra de cada uma das etapas de produção. Kátia contou que o descarte de resíduos na propriedade segue um padrão: “Nós separamos os descartáveis comuns e os químicos. Luvas, máscaras e botas é uma empresa terceirizada contratada pela Seara que vem retirar. Já o material reciclável nós doamos para uma instituição de reciclagem”, disse.
O bom manejo passa pelo encaminhamento correto das sobras de produção. Nada deve ser descartado no meio ambiente. É importante distinguir o que pode ou não ser reaproveitado, como orienta a analista ambiental Renata Alfredo Conto: “De acordo com a resolução 358 de 2005 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e também com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os resíduos devem ser acondicionados, tratados e destinados de maneira correta. Aqui, os materiais recicláveis são o papel e o plástico. Já os materiais de resíduos de saúde devem ter o descarte correto feito por uma empresa licenciada, assim como para o transporte, seguindo as normas legais da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)”.
O reaproveitamento de resíduos traz impactos ambientais e econômicos para os produtores. Na granja da Kátia e do João, o adubo resultante da decomposição das aves mortas é vendido para agricultores. “Existem aqui na região muitas plantações de uva, então nós vendemos esse material para os produtores fazerem a adubação e recebemos por isso”, contou Kátia.
A decomposição das aves mortas é um processo que exige atenção especial dos produtores. Pamela Teixeira Magalhães, veterinária sanitarista, destacou a importância de se fazer o descarte correto das aves mortas para garantir a preservação do meio ambiente e a saúde do lote. “Quanto mais efetiva a produção, menor a quantidade de aves mortas na granja, isso significa menor quantidade de resíduos orgânicos produzidos. Aqui no seu João a gente usa um método de compostagem complementar com o RAC (Roto Acelerador de Compostagem), cuja vantagem é a aceleração da compostagem das aves, ele chega a reduzir até pela metade o processo total de decomposição das aves”, destacou.
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Carlos Riet, empresário especialista em resíduos, foi recebido nos estúdios do programa, e explicou como os resíduos são classificados pela resolução 385 do Conama:
Tipo A – Risco biológico – Luva, máscara, avental (Materiais que entraram em contato com o animal).
Tipo B – Risco Químico – Embalagens de produtos como detergentes, desinfetantes e raticidas.
Tipo C – Risco Radioativo – Não existe esse tipo de risco nas granjas.
Tipo D – Orgânicos e Recicláveis – Por si só já de descrevem.
Tipo E – Perfurocortantes – Seringas e Agulhas.
O especialista também alertou que, segundo a lei, a obrigação do agricultor é efetuar a devolução dos fracos de risco A, B ou E. Já a obrigação do descarte correto é do fabricante, importador ou distribuidor: “Qualquer produtor que for em uma casa agropecuária e comprar um produto que após o uso gerou um resíduo perigoso, sua obrigação é levar esse produto para a casa agropecuária com a sua devida nota fiscal e pegar um recibo de que foi feita essa devolução” disse. O empresário se mostrou satisfeito com os comentários que ouve Brasil afora nos treinamento sobre resíduos: “O produtor rural está de parabéns, está consciente e seguro daquilo que está fazendo”, elogiou.