Ministros da Agricultura de diversos países da América do Sul participaram nesta terça-feira, 23, a convite da ministra brasileira Tereza Cristina, de uma videoconferência para debater a harmonização de normas e garantir a fluidez do trânsito de mercadorias e o abastecimento de alimentos na região durante a pandemia do coronavírus. Será elaborado um documento com protocolos para garantir o livre tráfego do transporte rodoviário de cargas entre os países.
Todos os ministros afirmaram que o fechamento de fronteiras rodoviárias para passageiros de outros países não se estende aos motoristas que transportam cargas agropecuárias. “Temos a grande responsabilidade de garantir o abastecimento e a manutenção das cadeias de alimentos, do produtor até o consumidor final”, disse Tereza Cristina.
Já em países da Europa e Ásia, há navios esperando até 14 dias para atracar. A Organização Marítima Internacional (OMI) informou que a situação pode melhorar nesta semana com a proibição das embarcações com passageiros, já que as empresas vão se concentrar nas cargas. Além disso, conta a favor o fato de a China estar retomando os trabalhos nos portos. Por lá, a epidemia do coronavírus perde força a cada dia desde terça–feira passada, 17. Ainda assim, a OMI pede que importadores e exportadores prestem atenção ao comercializar cargas para evitar prejuízos com os navios parados.
Aqui no Brasil, o Porto de Santos, o principal do país, informou por meio de boletim divulgado nesta terça que opera normalmente. A movimentação de navios, trens e caminhões ocorre sem qualquer restrição. Os trabalhadores passaram por adaptações de acordo com os critérios estabelecidos pelas autoridades de saúde.
De acordo com Francis Censi, gerente de Logística Agropecuária da Seara, o compromisso dos caminhoneiros com o transporte de cargas continua durante a epidemia do coronavírus. “Está prevalecendo o bom senso. Não há restrições e o transporte flui normalmente no país. Os transportadores de logística agropecuária trabalham exclusivamente para as empresas integradoras fazendo o transporte dos animais e do alimento dos animais de maneira rotineira, são frotas dedicadas. O abastecimento dos animais e também da população não pode ser interrompido. Produzir e distribuir alimentos é essencial para promover a proteção à vida. Os motoristas são agentes que precisam se manter firmes, protegendo sua saúde e das pessoas que estão próximas para poder efetuar sua tarefa tão nobre de maneira consistente e sem riscos. Distribuímos cartilhas com informações e também kits de higiene pessoal. A cada carga e descarga, reforçamos que devem lavar as mãos e evitar contato físico, e pedimos que as cabines dos veículos sejam lugares ainda mais seguros. A manopla de marcha, o volante e os botões devem ser higienizados sempre que possível”, disse Censi.
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José Antônio Ribas, gerente de Excelência Agropecuária da Seara, também afirmou que o transporte de cargas não foi afetado e que a distribuição de alimentos no Brasil segue normal. “Agradecemos profundamente aos motoristas e transportadores pelo empenho durante a crise e pela consciência de tomarem todos os cuidados para que possamos operar. Temos hoje a proteção do decreto da ministra Tereza Cristina, que coloca nossa atividade como essencial, mas ainda esbarramos em pequenos problemas locais que vamos resolvendo caso a caso. Tão importante quanto nosso motorista que está na estrada movimentando cargas, tanto de alimentos quanto de insumos, é o funcionamento dos serviços que atendem e dão suporte a ele. Precisamos unir forças durante a crise, porque o trabalho dos caminhoneiros é fundamental e eles vão precisar de apoio”, declarou Ribas.
Neusa e Lucimar Baseggio, da cidade de Seara (SC), são transportadores há mais de 27 anos. O casal enviou um vídeo ao Programa Ligados & Integrados afirmando que a interrupção do trabalho dos motoristas traria consequências para o país todo. “Transportamos alimentos. Sabemos da gravidade do momento, mas estamos tomando todas as medidas para que nossos colaboradores estejam seguros”, contou Lucimar.