A Seara conseguiu reverter a liminar da Justiça do Trabalho de Santa Catarina de paralisar os trabalhos nos frigoríficos das cidades de Forquilhinha e Nova Veneza. A decisão havia sido tomada na última sexta-feira, 20, e valeria a partir de sábado, 21. As unidades ficariam fechadas até que provassem ter feito adaptações nas linhas de produção para evitar o contágio dos funcionários pelo coronavírus.
A companhia relatou que, entre as medidas tomadas, estão a disponibilização de álcool em gel em todos os ambientes e de máscaras para quem quiser utilizar. A higienização está sendo reforçada nas áreas de circulação e foram contratados mais ônibus para o transporte a domicílio, evitando aglomerações. Também foram contratados mais três enfermeiros para checar a saúde dos funcionários. O processo que pedia o fechamento das unidades tinha sido aberto pelo Sindicato dos Trabalhadores.
José Antônio Ribas, diretor de Excelência Agropecuária da Seara, comemorou a decisão. Ele afirmou que não haverá prejuízos para os brasileiros. “É uma vitória para a sociedade e para o setor. Felizmente foi entendido pela juíza a importância de mantermos a população abastecida. Estamos imbuídos de cumprir a honrosa missão de produzir alimentos, e fico feliz em ver o compromisso dos produtores com esse propósito. Há, sim, responsabilidades que são inquestionáveis e inegociáveis. Cada um deve cuidar muito bem de si e do próximo. Estamos tomando todas as precauções necessárias para garantir a segurança dos colaboradores. O nosso setor já se preocupa muito com todos os aspectos de higiene, e agora estamos ampliando ainda mais nossas ações. Nós faremos a nossa parte. O momento é difícil porque nunca enfrentamos nada assim, mas estamos junto nessa luta e vamos vencer um dia de cada vez. Uma crise de falta de alimentos pode ser mais grave que a crise do próprio coronavírus. Produtores, funcionários, motoristas, todos olharemos para trás depois com muito orgulho do grande trabalho que fizemos” declarou Ribas.
O setor do agronegócio entrou em campanha para que as atividades não parem. Centenas de produtores compartilharam vídeos com o programa Ligados & Integrados, do Canal Rural, reiterando o compromisso com a produção de alimentos. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também gravou uma mensagem de apoio aos trabalhadores. De acordo com ela, o abastecimento está garantido. “Vivemos hoje a maior safra do Brasil, grande produtor de grãos e proteínas. Temos produtos, mas precisamos processá-los. Nesse momento difícil que passamos, quero enaltecer o produtor rural, o caminhoneiro, as transportadoras, as indústrias, e dizer que o Ministério da Agricultura tomou todas as medidas para que não sejam interrompidos a vigilância, a fiscalização e o elo da cadeia produtiva, da produção à exportação. Por favor, tenham cuidado com a sua saúde, precisamos muito do trabalho de vocês. O alimento é básico para a vida das pessoas”, disse Tereza Cristina.
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O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabardo, lembra que no campo, onde a densidade demográfica é baixa, o número de contaminações deve ser menor, já que o contágio do coronavírus está relacionado à aglomeração de pessoas. Ainda assim, Gabardo ressalta que os cuidados devem ser tomados por todos: “Não saia da zona rural agora em busca de recursos, pois isso aumenta a exposição aos riscos. Permaneça no campo e se proteja”, alertou.
O professor universitário Julio Barcellos, PhD em medicina-veterinária, reforçou as recomendações: “A base da produção rural deve estar protegida. É preciso evitar ao máximo que vendedores de insumos, fornecedores e outras pessoas dos centros urbanos cheguem às propriedades no campo. Produtores devem se conscientizar e estar atentos a esse fluxo, informando seus parceiros e colaboradores para que tentem manter diálogos via meios de comunicação como o telefone”, explicou.