O Brasil, como um dos maiores produtores de proteína animal no mundo, enfrenta desafios na forma como comunica a importância desse setor para a saúde e nutrição. A demanda por carne de frango, suína e outras proteínas exige não apenas avanços tecnológicos na produção, mas também uma comunicação clara e educativa com os consumidores.
Para José Luiz Tejon, especialista em marketing rural, o setor enfrenta preconceitos e desinformação, o que torna ainda mais necessário o investimento em ações publicitárias que conectem o alimento com a saúde, sempre de forma acessível para o público.
A luta pela percepção correta
O principal desafio das empresas de produção de proteína animal é o que Tejon chama de “luta pelas percepções”. Em um mercado altamente competitivo, onde desinformação e fake news podem prejudicar a imagem de produtos e marcas, a tarefa de educar o consumidor com informações corretas e científicas é vital. Mesmo com a excelência do setor em termos de sanidade e tecnologia, a percepção pública nem sempre corresponde à realidade.
A biosanidade, por exemplo, tem sido um dos pilares do sucesso da produção animal no Brasil, garantindo produtos de qualidade e livres de doenças. No entanto, a falta de conhecimento ou a má informação muitas vezes cria uma percepção distorcida desse processo. Para combater isso, é necessário um esforço conjunto da cadeia produtiva, com uma comunicação empática e voltada para as necessidades e expectativas do público rural.
Transparência na origem dos alimentos
Outra tendência observada no consumo global é a valorização da origem dos alimentos. Os consumidores estão cada vez mais interessados em saber de onde vem a proteína que consomem e como ela é produzida.
“O que os consumidores mais hoje esperam é ver a originação dos alimentos. Então mostrar a originação, mais do que simplesmente atender os produtores rurais, eu diria que é uma estratégia inteligente de marketing”
José Luiz Tejon, especialista em marketing rural
A demanda por alimentos locais, ou “local farm”, também é crescente. No mercado europeu, por exemplo, restaurantes que garantem a origem local dos alimentos ganham destaque. Essa valorização da produção próxima ao consumidor cria um vínculo emocional e promove a imagem de um setor que combina ciência, tecnologia e carinho na produção.
Sustentabilidade e o futuro da produção animal
As questões de sustentabilidade estão cada vez mais presentes nas decisões empresariais e nas expectativas dos consumidores. Para as empresas de produção de proteína animal, o compromisso com práticas sustentáveis não é mais uma opção, mas uma exigência.
Tejon ressalta que as empresas precisam mostrar suas práticas sustentáveis de forma visível e transparente. Não basta adotar medidas internas sem comunicar essas ações ao público. Sustentabilidade percebida é a chave para manter a confiança dos consumidores e garantir o futuro do setor agroindustrial.
Gerações mais jovens e o consumo de proteínas
A nova geração, formada por millennials e pela Geração Z, traz consigo novas demandas e expectativas em relação ao consumo de proteínas. Essas gerações buscam produtos que representem valores pelos quais vale a pena lutar, como sustentabilidade, ética e saúde.
Para se comunicar com esse público, as empresas precisam ir além do tradicional. É necessário criar um elo emocional, mostrando que a produção de proteína animal está alinhada com as bandeiras da sustentabilidade e do respeito ao meio ambiente.
A comunicação nas redes sociais desempenha um papel fundamental na construção dessa relação com os jovens consumidores. As empresas precisam ser rápidas, transparentes e éticas ao dialogar com esse público, educando desde cedo sobre a importância de uma alimentação saudável e sustentável.
O papel do agro consciente
Por fim, o setor agroindustrial precisa continuar evoluindo para atender às demandas de um mundo cada vez mais exigente. A busca pela sustentabilidade, a transparência na produção e a educação do consumidor são elementos que caminham juntos no desenvolvimento de um agro consciente.
As empresas que conseguirem alinhar ciência, tecnologia e respeito ao meio ambiente terão sucesso em um mercado que valoriza a saúde e a qualidade dos alimentos.
“Produtoras e produtores rurais são verdadeiros atletas olímpicos. Eles têm que trabalhar em performance cada vez mais avançada, exigências cada vez maiores, metas, métricas, portanto manter este nível de seres humanos atuantes, representando aquela ciência, é uma é um belo desafio para o setor agroempresarial”, afirma Tejon
Assista ao vídeo abaixo e confira a entrevista na íntegra.
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