Décadas atrás, os suínos brasileiros tinham uma generosa camada de gordura. A gente até chamava de outro nome, lembra? Banha! Mas o consumidor passou a substituir a gordura animal pela vegetal. E aí surgiu a necessidade de um suíno que produzisse uma carne mais magra. Por isso, algumas raças começaram a ser importadas para o Brasil e deram origem aos programas de melhoramento genético por aqui. Hoje temos linhagens de suínos, ou seja, grupos de animais selecionados, que expressam de forma mais intensa algumas aptidões.
De acordo com Natália Irano, coordenadora de serviços genéticos da Agroceres PIC, cada empresa do segmento foca em diferentes características dos animais. “Parte reprodutiva, por exemplo, ou foco na parte de crescimento e produção de carne, e assim por diante. Muitas vezes as linhas genéticas são oriundas de uma mesma raça, mas, quando olhamos para o perfil genético, há um distanciamento em relação àquela população inicial, porque o direcionamento foi diferente. O melhoramento foi escolhendo características mais importantes para o produtor de carne suína, visando maior retorno econômico”, explica.
Nevton Brun, gerente de produção da Agroceres PIC, diz que o mercado brasileiro de suínos pode ser dividido em dois grandes blocos: os produtos industrializados, que demandam o cruzamento de animais com foco na qualidade de carcaça, e o mercado de porta, ou seja, a carcaça in natura comercializada nos açougues. “Nós temos uma situação privilegiada e competitiva frente aos demais países produtores de suínos. A questão sanitária é um grande diferencial, pois temos um plantel livre de enfermidades que poderiam impactar economicamente a produção”, afirma.
Alexandre Furtado, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos, conta que das mais de 300 linhagens de suínos existentes no mundo, predominam na produção brasileira as que priorizam animais eficientes, que tenham um bom crescimento, um custo de produção mais competitivo e que vão originar um produto de boa aceitação no mercado alimentício. “O consumidor final no Brasil quer ter um produto de alta qualidade, ou seja, uma carne magra e nutritiva, e está cada vez mais de olho no conceito de alta palatabilidade. Ele busca a proteína que tenha uma marmorização e uma coloração interessantes”, finaliza.