O gaúcho Marciano Ruffato produz leitões na fase de creche desde julho do ano passado. Mas o planejamento para investir em suinocultura começou alguns anos antes, quando ele ainda trabalhava em outros segmentos. “Eu trabalhei na indústria e foi uma mudança radical. Era um sonho, por conta de uma perspectiva melhor de mercado. Comecei a buscar a área cinco anos atrás”, conta. Foi esse o intervalo de tempo entre o sonho e a realização”.
Da indústria para o trabalho no campo
Como o Marciano nunca pensou em trabalhar por conta própria, começou a produzir suínos como integrado. Primeiro, procurou a integradora para firmar parceria. “Por não vir da área, achei que teria problemas com a integradora, mas foi tranquilo e fui bem–aceito”, diz. Depois, ele foi atrás da documentação, do financiamento e da liberação, o que levou um tempo. “Aí, sim, por ainda não ser da área agrícola, tive dificuldade para conseguir linhas de crédito. Minha granja é de um porte maior, o valor era elevado, tudo ajudou a dificultar. Mas, do restante, não tive problemas. Nem mesmo com a questão da liberação ambiental. Claro, sempre trabalhamos corretamente, tudo dentro dos padrões exigidos”.
O Marciano ingressou no negócio tendo pesquisado sobre o tipo de produção e os respectivos valores. Ele já sabia que iria criar leitões na fase de creche, e isso direcionou os investimentos. “Firmei uma parceria com a prefeitura, com auxílio na terraplanagem e na obra final. Entre uma etapa e outra levei um ano. Como sou sozinho, também fui atrás de mão de obra e contratei um casal, que mora aqui na propriedade. Tenho espírito empreendedor e quero aumentar o negócio”, comenta. Hoje, ele tem quatro galpões e aloja aproximadamente 2.300 leitões.
Investimentos que se pagam
Como os valores são altos, Marciano segue pagando os investimentos. Apesar de ainda não sobrar muito no final do lote, ele diz que está bastante satisfeito. “Sobrar, até sobra, mas quando me perguntam o que me motivou a investir em suinocultura, eu respondo que, além da qualidade de vida e de sempre ter gostado da atividade, eu fiz um grande investimento de um valor que eu não dispunha. Mesmo não sobrando muito, com certeza estou pagando o financiamento e pagando minhas despesas fixas”, comemora.
O Marciano recebeu o primeiro lote de leitões oito meses após começar a erguer os galpões. Apesar de ter se tornado suinocultor há pouco tempo e de tudo ainda ser novidade, ele já recomenda o negócio e compartilha algumas orientações para quem quer começar e não sabe por onde. “Primeiro, tem que ter vontade e gostar do negócio. Não fazer por fazer. Depois, tem que procurar a integradora e verificar a questão da terra. Aí vem o financiamento e a negociação da obra em si. Eu fiz uma obra fechada, um pacote pronto que contempla obra física mais equipamentos. Acho que facilita muito”, conclui.
Palavra do especialista
De acordo com o administrador Márcio Polazzo, hoje o processo de integração está mais ágil. Nas regiões produtoras, há equipes especializadas na identificação de potenciais produtores com aptidão e vocação para o negócio. “Essas equipes contam com engenheiros, zootecnistas e veterinários para orientar cada uma das etapas evolutivas no processo de integração e estão presentes em todas as etapas, desde o encaminhamento do projeto de financiamento até o apoio na parte construtora. Isso torna o processo mais curto e mais eficiente para o suinocultor”, diz.
Ainda de acordo com Polazzo, produtores independentes também podem se tornar integrados, contanto que façam adaptações no modelo produtivo. “Eles trabalham com bastante capital de giro para a compra de insumos, e podem segurar esse capital para ampliar as estruturas já existentes. Isso facilita o processo de transição. Na maioria das vezes, o financiamento é viável. Como os projetos são para longo prazo, a sucessão familiar também merece atenção especial do produtor independente que quer se tornar integrado. Não se trata apenas de um negócio, mas sim de construir uma relação forte entre ele e a integradora, o que é essencial para o sucesso do investimento”, finaliza.
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