A suinocultura exige dedicação do criador para alcançar bons índices de produtividade e, consequentemente, melhores resultados econômicos. Os cuidados começam com as matrizes em gestação, continuam com as matrizes em lactação e seguem, é claro, com os leitões. Os filhotes são sensíveis e demandam cuidados especiais da maternidade à creche, pois precisam se sentir seguros e confortáveis para se desenvolverem bem.
Manejo na maternidade
Na espécie suína, a gestação dura em média 114 dias. No período final, as fêmeas são conduzidas para a maternidade e exigem permanência quase constante do produtor. Elas devem ser mantidas em ambiente calmo e livres de qualquer stress, como calor em excesso, animais estranhos, barulhos ou mudança de local. Antes do parto é preciso um cuidado simples, mas essencial. De acordo com Brenda Marques, gerente técnica da MSD Saúde Animal, as fêmeas devem ser higienizadas antes da transferência para a maternidade e as instalações devem estar limpas e desinfetadas.
Escamoteador: fonte de calor
Na maternidade, além dos comedouros e bebedouros das matrizes e dos leitões existe o escamoteador. Brenda destaca que é importante secar os leitos e garantir uma fonte suplementar de calor. “Isso é ainda mais crítico em relação aos leitões com baixo peso ao nascer. Não podemos nos esquecer de todos os manejos iniciais, como aplicação de ferro, cuidados com a medicação de animais doentes e as vacinações”, diz ela.
Importância do colostro
A primeira amamentação tem uma função muito maior do que só alimentar o filhote. “É essencial que os leitões mamem no mínimo 200 ml de colostro, fonte de energia e de imunidade contra várias doenças. Podemos dizer que o colostro é a primeira vacina dos leitões”, ressalta Brenda. A maioria das perdas de leitões ocorre na primeira semana de vida. As causas são inúmeras, a maioria de natureza não infecciosa, como esmagamento pela mãe e inanição, quando os leitões não se alimentam por falta de leite na matriz ou por exposição ao frio ou sangramento do umbigo. Os leitões mais fracos são os mais atingidos.
Calendário de vacinações
O desmame deve ser realizado entre 21 e 28 dias de idade. Todos os leitões são pesados e transferidos para a creche, onde devem receber ração à vontade. Em criações com boas condições de higiene, não há necessidade de aplicar vermífugos nos leitões até os dois ou três meses de idade, desde que as fêmeas tenham sido desverminadas antes do parto. Os produtores devem atender ao calendário de vacinação. Leitões devem ser manejados com calma e nas horas mais frescas do dia para diminuir o estresse após a separação da mãe. A saída da creche ocorre quando tiverem entre 52 e 65 dias de idade.
Palavra do especialista
O médico veterinário José Paulo Sato explicou que manter os parâmetros de biosseguridade é muito importante para mitigar a entrada de doenças nos galpões, mas também existem doenças que circulam dentro das granjas, e entre as granjas. “Por isso, é preciso manter os cuidados durante o transporte dos animais para a creche ou para a terminação, entre as fases de produção. Manter a limpeza e a desinfecção das granjas e respeitar o período de vazio sanitário entre os lotes é essencial para baixar a pressão de infecções e a ocorrência de doenças nos animais”, disse ele.
-
Os suínos e as gripes: como evitar contaminações por vírus nas granjas?
-
Primeiros sintomas: diagnóstico precoce reduz mortalidade de animais
O manejo deve reduzir o nível de stress dos leitões
As variações de temperatura e umidade ao longo do ano merecem atenção, já que o frio viabiliza a presença de patógenos por longos períodos. “Os produtores devem fornecer um ambiente adequado de acordo com as idades dos animais. Nas fases iniciais, os leitões precisam de uma fonte de calor maior que os animais em terminação”, explica Sato. Na fase de desmame, os filhotes estão mudando de ambiente, de dieta e se distanciando da mãe. É preciso garantir que somente equipes estabelecidas e familiarizadas, que saibam realizar o manejo de forma adequada, transitem pelas granjas. Isso ajuda a minimizar o stress dos animais e evita a queda na imunidade.
Observe o comportamento dos filhotes
Na creche, verifique a disponibilidade e a qualidade de ração e de água antes mesmo da chegada dos animais. Sato explica que leitões mais fracos, ou refugos, são menores, têm os pelos eriçados e se comportam de forma apática. Nesse caso, tenha um cuidado maior com o manejo e observe se é preciso aplicar alguma medicação.