A busca por avanços na suinocultura brasileira levou uma comitiva da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) aos Estados Unidos, terceiro maior produtor mundial de carne suína.
A missão teve início em 13 de setembro e reuniu especialistas que visitaram centros estratégicos da produção norte-americana, desde granjas modelo até cooperativas e varejos, proporcionando uma imersão completa no setor suinícola do país.
Para a diretora de marketing da ABCS, Lívia Machado, que integrou a comitiva, o objetivo principal da viagem foi compreender como a suinocultura americana alcança alta produtividade e inovações que atendem aos requisitos do consumidor atual. A experiência também revelou diferenças e similaridades entre os dois países, fornecendo insights sobre onde o Brasil pode avançar. Assista a entrevista completa no vídeo abaixo.
Diferenças estruturais entre os países
A comitiva brasileira observou que o clima é uma das principais diferenças entre a suinocultura americana e brasileira. A necessidade de aquecimento em regiões frias nos Estados Unidos exige uma infraestrutura específica, enquanto no Brasil o clima ameno em muitas regiões favorece o desenvolvimento das granjas com menores investimentos em climatização. Essa vantagem climática brasileira permite mais flexibilidade na gestão das granjas.
A missão também destacou a organização e a tecnificação do setor suinícola americano, que utiliza tablets e outras tecnologias para monitoramento e controle das operações. Além disso, os norte-americanos investem em programas de aproximação com os consumidores, promovendo eventos em que o público pode conhecer a produção suína de perto.
Complexos como o Fair Oaks Farms oferecem experiências interativas, simulando processos de ultrassonografia em matrizes suínas e demonstrando práticas de bem-estar animal, o que ajuda a educar o consumidor e a consolidar a confiança no produto.
Essa conexão direta com o consumidor, que abrange ações educativas direcionadas a estudantes e jovens, é uma das práticas que o Brasil pode adotar, especialmente para engajar a nova geração e promover a suinocultura nacional.
A relevância da sanidade na suinocultura brasileira
Apesar das diferenças estruturais, a suinocultura brasileira possui um grande diferencial: o status sanitário. O Brasil mantém índices de sanidade elevados, o que garante produtos com alto padrão de qualidade e segurança alimentar, competindo com outros grandes produtores globais.
Lívia Machado destacou que o país está alinhado a boas práticas globais e que a ABCS tem trabalhado para implementar inovações sanitárias em todo o setor, ajudando a suinocultura nacional a ganhar destaque no mercado internacional.
Outro aspecto onde o Brasil leva vantagem é o custo da mão de obra, que é significativamente mais baixo em comparação aos Estados Unidos. Essa diferença permite que a suinocultura nacional se desenvolva com custos de produção menores, favorecendo a competitividade do setor.
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Visitas estratégicas e trocas institucionais
Durante a viagem, a comitiva brasileira visitou a National Pork Board (NPB), associação norte-americana de suinocultores. Lá, os especialistas puderam conhecer o programa “Pork Checkoff”, que funciona como um fundo compulsório para financiar ações de marketing, pesquisa e desenvolvimento, com um modelo similar ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura no Brasil.
A troca de experiências entre as associações demonstrou sinergias nos objetivos de ambas, que incluem a promoção de boas práticas de produção e o fortalecimento da cadeia suinícola nos mercados interno e externo.
Essas reuniões também reforçaram o papel estratégico da ABCS no apoio aos suinocultores brasileiros, destacando que o Brasil tem caminhado para uma gestão mais técnica e eficiente, que busca equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade.
Perspectivas para a suinocultura brasileira
A missão da ABCS aos Estados Unidos trouxe à tona práticas valiosas que podem inspirar mudanças e aprimoramentos na suinocultura brasileira. Embora o Brasil ainda enfrente desafios em comparação aos Estados Unidos, o setor tem evoluído em tecnologia e eficiência.
Ao adotar algumas das práticas observadas, como a tecnificação do trabalho e a comunicação com o consumidor, a suinocultura nacional pode fortalecer ainda mais sua posição no mercado global.
A diretora Lívia Machado ressaltou que o Brasil está bem posicionado em termos de sanidade e qualidade de carne. Entretanto, há oportunidades para incorporar novos processos tecnológicos e fortalecer o engajamento com os consumidores, especialmente a geração mais jovem. Assim, a suinocultura brasileira continuará a crescer de forma sustentável e competitiva, promovendo o desenvolvimento rural e a segurança alimentar do país.
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