O manejo dos suínos antes do transporte envolve uma série de cuidados fundamentais que vão muito além de simplesmente carregar os animais no caminhão. Esses cuidados são essenciais para garantir o bem-estar dos suínos e, consequentemente, a qualidade da carne após o abate.
A médica-veterinária e especialista em bem-estar animal, Juliana Ribas, explica que entre os pontos mais importantes estão o controle da alimentação, a hidratação dos animais e a higienização dos veículos de transporte, que são fatores-chave para minimizar o estresse dos suínos durante a viagem. Confira a entrevista no vídeo abaixo.
Controle da alimentação e hidratação
O jejum alimentar de seis horas é fundamental para facilitar o embarque e a movimentação dos animais. Durante esse período, é essencial que os suínos tenham acesso livre à água para evitar a desidratação, que pode causar fadiga muscular e dificultar o deslocamento dos animais.
“O nosso animal é sedentário. E aí a gente vai embarcar esse animal, vai fazer com que ele caminhe um período, suba uma rampa, entre num transporte. Então, é como eu colocar alguém que nunca praticou exercício físico para praticar” explica Juliana
A hidratação, por sua vez, é crucial para evitar o estresse térmico e melhorar o desempenho dos suínos no transporte. Animais desidratados tendem a sofrer mais com o calor e têm dificuldades para manter a temperatura corporal, o que pode levar à exaustão e até a problemas mais graves, como infarto.
Higienização, densidade e conforto térmico no transporte
Antes de transportar novos suínos, o caminhão deve passar por uma limpeza rigorosa, incluindo lavagem com detergente, enxágue e desinfecção com produtos apropriados. Veículos que vêm de abatedouros podem carregar agentes patogênicos de diferentes granjas, representando um risco de contaminação para os novos animais.
Além disso, o caminhão deve estar completamente seco antes de retornar à granja, garantindo que não haja matéria orgânica que possa comprometer a saúde dos suínos. Outro cuidado fundamental é garantir que os animais sejam transportados em condições adequadas de densidade no caminhão.
Um indicativo de que a densidade está correta é quando os animais podem se deitar lado a lado, sem se amontoar. Além disso, o piso do veículo deve ser antiderrapante para evitar quedas e machucados que possam comprometer a qualidade da carne.
Condições de transporte e impacto no bem-estar animal
O tempo de transporte também desempenha um papel crucial no bem-estar dos suínos e na qualidade da carne. O ideal é que o transporte dure entre 4 e 8 horas, tempo que permite um equilíbrio entre o esforço físico dos animais e a manutenção do peso.
Além disso, as condições ambientais durante o transporte também são essenciais. Como o Brasil é um país de clima tropical, o transporte deve ser realizado nas horas mais frescas do dia, preferencialmente antes das 10h da manhã ou após as 17h.
Em situações onde o transporte precisa ser realizado durante períodos mais quentes do dia, é necessário adotar estratégias para minimizar o estresse térmico dos animais. Veículos equipados com aspersores de água, por exemplo, podem ajudar a resfriar o ambiente.
Outro ponto importante é observar os sinais de estresse nos suínos durante o carregamento. Animais que apresentam ofegação, coloração avermelhada nas orelhas e na pele, e que se recusam a andar são indicativos de que estão superaquecidos.
Nesses casos, a melhor medida é evitar forçar o animal a se movimentar, pois isso pode levar a complicações graves, como infarto. A recomendação é molhar o chão ao redor do animal para ajudar a reduzir a temperatura corporal.
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