Você já notou seu porco tossindo durante a rotina na granja? Este pode ser um sintoma da pneumonia enzoótica, uma doença comum na suinocultura, caracterizada pela tosse seca, corrimento nasal, mau desenvolvimento, pelos arrepiados e desuniformidade de peso entre os suínos do lote.
Essa doença afeta o bem-estar dos animais e, se não diagnosticada rapidamente, pode levar a infecções secundárias, aumentando os riscos de morte e de necessidade de cuidados intensivos. Assista o vídeo abaixo e confira a matéria completa.
A médica-veterinária e sanitarista Sharon Calderan explica que a pneumonia enzoótica é causada pelo Mycoplasma hyopneumoniae, uma bactéria que compromete a performance dos suínos, principalmente nas fases de creche e terminação. Ela provoca a redução do ganho de peso, além de alta morbidade.
Suínos de todas as idades são suscetíveis à doença, mas os animais mais velhos tendem a desenvolver certa imunidade, tornando os suínos jovens mais vulneráveis à forma clínica da doença.
O papel do ambiente e os fatores predisponentes
O Mycoplasma hyopneumoniae pode sobreviver até quatro dias no ambiente, especialmente em temperaturas mais baixas, favorecendo sua propagação. A bactéria causa danos aos cílios do epitélio respiratório dos suínos, dificultando a defesa natural do sistema respiratório dos animais.
Vários fatores podem predispor os suínos a desenvolver pneumonia, como a mistura de lotes de diferentes origens, superlotação de baias, ventilação inadequada, acúmulo de CO2, excesso de poeira e a falta de vazio sanitário, diz Sharon
Outro ponto importante é a aclimatação das fêmeas que chegam à granja. Essas fêmeas, provenientes de granjas livres de micoplasma, precisam ser expostas ao patógeno da nova granja para desenvolver imunidade. Se esse processo não ocorrer corretamente, o risco de surtos de pneumonia enzoótica aumenta.
A transmissão indireta da doença também pode ocorrer por meio de fômites, como caminhões, carros e equipamentos contaminados, facilitando a disseminação do Mycoplasma entre as granjas.
Impactos econômicos e formas de prevenção
Os impactos econômicos da pneumonia enzoótica são significativos, com uma redução de até 20% na conversão alimentar e de 30% no ganho de peso, dependendo da gravidade da infecção. Para minimizar esses prejuízos, é essencial adotar medidas preventivas que protejam os suínos da exposição à bactéria e mantenham o ambiente limpo e controlado.
O manejo ambiental é um dos principais pilares na prevenção da pneumonia. É fundamental garantir que os suínos tenham espaço adequado para se movimentar, ventilação eficiente, níveis controlados de CO2 e um ambiente limpo e seco para descansar.
A prática do vazio sanitário é crucial para a quebra do ciclo de transmissão da doença, além de seguir o sistema “todos dentro, todos fora” no momento do alojamento, para evitar a mistura de suínos com diferentes estados de saúde.
Vacinação e manejo sanitário como aliados na prevenção
A vacinação é uma das ferramentas mais eficazes no controle da pneumonia enzoótica. Atualmente, há vacinas comerciais disponíveis que oferecem boa proteção contra o Mycoplasma hyopneumoniae. Além disso, a colostragem adequada dos leitões logo após o nascimento é fundamental para fornecer a primeira imunização contra a bactéria.
Outra prática recomendada é evitar a mistura de suínos de diferentes origens, pois isso pode facilitar a introdução de novos patógenos na granja. O manejo sanitário rigoroso, incluindo a limpeza e desinfecção regular das instalações, é essencial para reduzir a pressão de infecção e proteger a saúde do rebanho.
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