Uma mesma granja, dois tipos de galpões: um convencional, outro modal. Pode parecer incomum, mas o produtor José Wuitchik, junto com sua família, acredita que é possível ter sucesso nos dois modelos simultaneamente. José está no ramo há mais de 15 anos e afirma que, para obter resultados, tem que ter muita dedicação. “É preciso levantar bem cedo, visitar os leitões antes de começar a alimentá-los e ter muito cuidado com o desperdício. O que é desperdiçado em um dia deve ser multiplicado pelo lote inteiro”, diz o produtor. Um dos galpões, o modal, está sob os cuidados do filho, o produtor Daniel Luis Wuitchik. O convencional está nas mãos de sua nora, Carine Schnneider, esposa de Daniel e também produtora.
A granja modal tem apenas um ano, é moderna e toda automatizada. Daniel explica as peculiaridades da granja modal: “Cada granja tem uma situação separada. Em algumas eu tenho que trabalhar com uma temperatura mais alta, em outras uma temperatura mais baixa, varia de situação para situação. O importante é fornecer um clima agradável para os leitões. Uma das diferenças está no piso, pois na modal tem uma grade para evitar que o animal pise na sujeira. Por ser vazado, quando o leitão chega encontra sempre um ambiente limpo e seco. O esterco e a urina caem para um fosso que fica embaixo da grade. Uma vez por lote é feito um procedimento em que esses dejetos saem e vão para esterqueira. Logo após, é realizada a limpeza tanto da parte inferior quanto da parte superior”, explica.
A automação também está no fornecimento de comida. A última baia possui um comedouro com sensor que acusa quando a ração está em falta. “Uma linha puxa a ração desde o silo e vai abastecendo todos os comedouros, então sempre terá ração disponível para os leitões”, completa Daniel. A ração vem “peletizada”, ou seja, em forma de grãos. Porém, durante o transporte, uma parte acaba se esfarelando, e o leitão não come farelos. “Por isso, de forma automatizada, é colocada água nos comedouros. A água transforma o farelo em uma espécie de papinha para ele se alimentar melhor,” explica ele.
Já no modo convencional o processo é outro. “O sistema é mais bruto, é necessário manejar a cortina para melhorar a ambiência lá dentro. Aqui é tudo manual, tudo no braço, é necessário fazer isso em média seis vezes ao dia e no inverno muito mais, dependendo da oscilação do vento. Eu sou o climatizador”, afirma Carine. “O piso geralmente é simples, a nossa ainda tem uma pequena vantagem, pois metade tem grade, mas mesmo assim é preciso lavar mais de uma vez por dia. O processo de molhar o pó da ração também é totalmente manual. Eu gosto de trabalhar no manejo, no braço, de estar pertinho do leitão o tempo todo”, conclui a produtora.
Em relação à produtividade e rentabilidade, o Diretor de Excelência em Agronegócios, Osório Dal Belo, afirma que os projetos convencionais têm como premissa primeira a mão de obra. “Se o produtor tem mão de obra bem preparada, habilidosa e dedicada, consegue ter resultados espetaculares mesmo com pouca tecnologia. O homem faz o trabalho que, em um processo novo, é automatizado. Quando se fala de modal, falamos em novos projetos com novas tecnologias. A genética tem desenvolvido, cada vez mais, um animal melhor preparado para a reprodução e a conversão alimentar. Porém, para que ele possa expressar todo seu potencial é necessário desenvolver novas tecnologias”, explica Osório. Para ele, independente de ser modal ou convencional, os produtores que conseguem olhar o animal e entender o que ele comunica têm meio caminho andado em direção ao sucesso.