As fêmeas reprodutoras são de extrema importância na cadeia de proteínas. O manejo é diferenciado e começa logo no primeiro dia de vida delas. Em visita a um matrizeiro no Rio Grande do Sul, o extensionista André da Rocha explicou que é preciso seguir uma série de regras na fase do alojamento para garantir a saúde do lote. “A preparação das futuras matrizes exige dedicação, afinal, são animais que permanecem com a gente durante aproximadamente três anos”, afirmou.
De acordo com Gislei Powala, gestor de granja, ao receber cada novo lote de matrizes são verificadas as instalações dos galpões, assim como das condições sanitárias. “Para garantir a saúde do lote, algumas questões são inegociáveis. As leitoas devem chegar com aproximadamente 160 dias de vida e com peso compatível para a idade. Respeitamos o espaçamento entre os animais, oferecemos alimentação à vontade e investimos na imunização por meio das vacinas”, disse. Em relação aos machos, a idade dos animais também é respeitada para otimizar a puberdade das leitoas.
O médico veterinário Neimar Cristiano Cavazini enfatizou a importância de promover a adaptação sanitária dos animais que chegam ao matrizeiro. Além do programa de vacinação, as leitoas devem entrar em contato com com matrizes que já estão no plantel para desenvolver imunidade e combater os agentes que vão encontrar na granja. “Em caso de dúvidas, é essencial contatar um profissional para buscar mais informações”, alertou.
- Suinocultura: cuidados do berçário podem determinar sucesso do lote
- Suinocultura: conheça as diferenças entre galpão modal e convencional
O médico veterinário e consultor sobre matrizes, Gefferson Silva, destacou que a alimentação das futuras reprodutoras deve ser diferenciada. A partir dos 150 dias de idade, a dieta é mais voltada à parte estrutural da matrizes. “Devem ser feito, principalmente, ajustes relacionados às vitaminas e minerais. As fêmeas devem estar prontas fisiologicamente para a vida reprodutiva. Colocamos as leitoas com outras matrizes em um processo chamado de aclimatação sanitária. Toda leitoa é um animal jovem que vem de outra origem e, portanto, precisa desenvolver imunidade e se adaptar ao meio. É preciso haver uma troca de microorganismo entre os indivíduos que estão na granja e os que estão chegando. Precisamos de todas as leitoas no mesmo padrão imunológico, e precisamos que seus filhos nasçam saudáveis para combater desafios sanitários”, disse.
Ainda de acordo com Gefferson, o processo de seleção começa no nascimento das leitoas. As fêmeas que não atendem aos requisitos necessários para se tornar matrizes não ingressam no plantel reprodutivo, e são direcionadas para o abate junto com os demais animais terminadores. “Leitoas que nascem com baixo peso, ou seja, menos de 800 gramas, podem transferir essa característica para a leitegada, e portanto são desclassificadas. O mesmo ocorre com animais que apresentam baixo desempenho no desmame, por exemplo, problemas locomotores, como a artrite. Também é feita uma seleção na fase de creche e outra aos 150 dias de vida, quando são avaliados detalhes como a qualidade do aparelho mamário. O peso das fêmeas é analisado de acordo com uma tabela específica para cada genética, e elas devem estar prontas e aptas para ingressar na vida reprodutiva. É preciso apresentar características muito finas para entrar e perdurar no sistema e entregar um volume de leitões satisfatório”, finalizou.