O jejum que antecede o abate nas granjas de aves é uma importante etapa do ciclo de produção. Trata-se de uma limpeza para garantir que o conteúdo do trato gastrointestinal dos frangos não vaze na carcaça, evitando contaminações. A produtora Mayara Klassen, de São Simão (SP), segue a regra rigorosamente. Em sua propriedade, as aves jejuam durante seis horas antes do carregamento para os abatedouros. “Para garantir que o processo seja feito da forma correta, nós trabalhamos com jejum parcial e dividimos o aviário em dois blocos. No primeiro bloco, onde mantemos os frangos que serão carregados primeiro, subimos a linha dos comedouros seis horas antes do carregamento. No segundo bloco, a linha é suspensa posteriormente para garantir o mesmo período de seis horas. Assim, atendemos aos princípios de bem estar animal”, explica.
Em relação à hidratação das aves antes do abate, a técnica é diferente. Durante o jejum de ração, a água deve ser mantida, já que auxilia na digestão dos alimentos. A água só deve ser retirada no início da apanha. “O objetivo é garantir que as aves bebam bastante água para limpar todo o trato gastrointestinal. As linhas de água só são suspensas no momento programado para iniciar o carregamento”, orienta Mayara. “Durante as seis horas de jejum, nós aumentamos a temperatura do aviário para que os frangos sintam sede e caminhamos entre eles para estimular o consumo”, completa.
Mayara dedica atenção especial ao processo, já que a qualidade do produto final está totalmente relacionada à prática do jejum bem executada. Para os avicultores, bem estar animal e segurança alimentar devem ser sempre prioridades. “Nosso objetivo é garantir um produto seguro e de qualidade para nossos clientes”, finaliza.
De acordo com o médico veterinário João Zuffo, seis horas é o período mínimo que as aves devem permanecer em jejum para que o trânsito dos alimentos no sistema digestivo, ou seja, papo e intestino, seja finalizado. O tempo máximo, entretanto, não deve nunca ultrapassar doze horas. Isso porque o intestino pode ficar danificado e frágil, colocando em risco a retirada das vísceras íntegras no momento do abate. “Há uma flora bacteriana normal no intestino das aves que pode vir a ser patogênica. Se a ave ficar tanto tempo sem ingerir alimentos, pode haver uma fragilidade do intestino e um possível rompimento do órgão, o que facilitaria o contato das bactérias com a carne, podendo causar contaminações”, explica.