Assim como os seres humanos requerem cuidados especiais durante a infância, com os suínos não é diferente. Os leitões precisam ser monitorados para que se desenvolvam com saúde. Direto de uma granja no sul do país, a produtora Marluciana Ribeiro explicou que por meio de um controlador é possível garantir que os animais na creche desfrutem da temperatura mais confortável. A medida está diretamente relacionada ao melhor desempenho dos animais e, consequentemente, a um maior rendimento em conversão alimentar.
Marluciana explicou que o controlador ativa as fornalhas e ajuda a manter a temperatura do ambiente constante. O processo ganha relevância ainda maior durante as estações mais frias do ano. “A ambiência na fase inicial da vida dos suínos é determinante para que cresçam saudáveis, e está relacionada ao ganho de peso e à redução da mortalidade. Como se trata de um ambiente fechado, ajustamos através do controlador a temperatura e a ventilação para retirada de gases. Trabalhamos com sondas de temperatura, gás e pressão”, afirma.
O médico veterinário Gustavo Freire explica que o período pós-desmame é muito traumático para os leitões por conta da transição ambiental e da mudança de comportamento a que são submetidos quando separados da leitegada. Os maiores investimentos da suinocultura são feitos nessa fase da produção para minimizar impactos e promover o bem estar animal. “Na primeira semana de vida, os leitões possuem baixo peso corporal e baixa reserva de gordura. Além disso, um pequeno stress que venham a sofrer pode provocar queda no consumo de alimentos. Como são animais muito sensíveis, é muito importante investir em ambiência para que a temperatura da creche esteja confortável, ou seja, em torno de 27 graus, e evitar frestas ou buracos nas cortinas. O controle da temperatura, da umidade e dos gases impacta diretamente no desempenho dos animais”, diz.
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Um ambiente perfeito para receber os leitões que vão se desenvolver também deve oferecer ração e água de qualidade. Como em todo desmame uma porcentagem de leitões mais leves chega à creche, um cuidado diferenciado se faz necessário. “Os leitões mais leves são colocados em baias com comedores adicionais. Para eles oferecemos papinhas que estimulam o consumo, uma mistura de ração e água morna que se aproxima da dieta líquida de leite materno a que estavam acostumados. O processo contribui para que cheguem ao final do lote com peso parecido ao dos demais leitões”, diz Marluciana.
De acordo com Gustavo, os detalhes do manejo durante a fase de berçário exigem muita dedicação e observação, já que a meta principal é manter a homogeneidade dos animais. As exigências vão sendo reduzidas ao longo do ciclo de produção. “Como a produtora destacou, precisamos evitar que os animais refuguem ou sejam acometidos por patógenos, e garantir que cheguem ao final do lote saudáveis. É como as diferenças existentes entre bebês e adultos humanos: conforme os animais vão crescendo, a produção de calor aumenta e eles se tornam mais resistentes às variações de temperatura. No entanto, isso não minimiza os impactos da ambiência na fase de terminação também”, pondera.