POR ARIEL MENDES

Avicultura: Como controlar as pragas em sua granja?

O manejo integrado de pragas (MIP), é um ponto fundamental da biosseguridade para evitar a entrada e a proliferação de enfermidades na granja

O controle de pragas, também conhecido como Manejo Integrado de Pragas (MIP), é um ponto fundamental da biosseguridade para evitar a entrada e a proliferação de enfermidades na granja ou nos galpões de frangos.

Avicultura: Como controlar as pragas em sua granja?
Avicultura: Como controlar as pragas em sua granja?

A maioria das pragas é vetor que pode levar vírus, bactérias e parasitas, mecanicamente, ou mesmo desenvolver parte do ciclo de vida de micro-organismos antes de infectar as aves. Dentre as principais enfermidades causadas por esses vetores destacam-se as Salmoneloses, Colibaciloses, Micoplasmoses e diversas viroses, como a Doença de Gumboro e de Newcastle. 

No caso dos roedores, além de serem importantes vetores de doenças, consomem ração, mutilam os pintinhos e destroem as estruturas dos equipamentos e do galpão e, ainda, contaminam biologicamente a ração e a água que as aves bebem.   

Aves silvestres, roedores, moscas e cascudinhos estão entre as principais pragas que infestam as granjas. Das aves silvestres que vivem no entorno dos aviários, destacam-se garças, pombos, pardais e outras de pequeno porte. 

A melhor maneira de evitá-las é manter o entorno limpo e usar telas à prova de pássaros que evitem a entrada nos galpões, além de fechar bem os espaços existentes nas beiradas e cumeeiras.

Os silos de ração também devem ser bem protegidos. As composteiras, onde são descartados os frangos mortos diariamente, precisam ser manejadas adequadamente a fim de evitar a proliferação de moscas e de aves silvestres. 

Os ratos domésticos são os roedores mais comuns, como os ratos de telhado e as ratazanas. Mostram-se de controle mais difícil por se tratar de animais com hábitos bem característicos que evitam a exposição visual aos humanos.

A maneira mais eficiente de controle é evitar que haja ração e água para que eles se alimentem e manter as  áreas do entorno limpas, para evitar que façam ninhos e tocas.

Feito isso, deve-se fazer uso de iscas especiais para roedores, à base de produtos químicos que causem a morte dos animais em até 24 horas e não imediatamente, evitando que outros animais da mesma espécie associem a ingestão ao perigo e evitem de ingeri-las.

Estas iscas devem ser colocadas estrategicamente nos pontos de circulação dos roedores, nos cantos de paredes e nos locais onde haja fezes de roedores. 

A distância entre elas pode ser dimensionada de acordo com o tipo e grau de infestação, mas sempre com espaços menores que 25 metros entre as mesmas. A fim de evitar a ingestão por outros animais, devem ser utilizados porta-iscas especiais disponíveis no mercado ou fabricados na própria granja com tubos de PVC em diâmetro de 100 mm e comprimento de 50 cm.

Trata-se de um inseto da espécie Alphitobius diaperinus, que infesta a cama do aviário. É uma praga que causa grandes prejuízos, seja pela transmissão de doenças, seja pelo consumo de ração, o que leva a uma desuniformidade do lote e a uma piora na conversão alimentar. A contaminação, principalmente por Salmonella, ocorre porque os pintinhos ou os frangos adultos ingerem as larvas do cascudinho. 

O controle é feito pelo manejo adequado dos comedouros evitando desperdício de ração no piso, pela retirada das aves mortas e por meio de produtos químicos específicos disponíveis no mercado, geralmente à base de piretoróides. Para a aplicação de produtos químicos, o tratador deve utilizar EPI adequado a fim de evitar a inalação do produto. 

Ao término do lote, quando for feita a reutilização da cama, a mesma deve ser tratada termicamente para destruir os insetos e as larvas presentes na mesma. Nos casos em que o intervalos entre lotes seja curto e não permita o enlonamento da cama, recomenda-se pulverizar o produto na cama tratada com cal por um a quatro dias antes  do alojamento das aves. Em galpões muito altos, também orienta-se pulverizar o inseticida, mesmo que seja feito o enlonamento da cama. 

Procure assistência especializada para realizar o controle de pragas, junto ao veterinário da empresa integradora ou a um especialista da sua região, no caso de um produtor independente ou de um pequeno criador de aves. Tentar fazer isso por conta própria pode não dar os resultados esperados, além de colocar em risco a sua saúde e a de outros animais existentes na propriedade.

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Ariel Antonio Mendes (à esquerda) e Jorginho Mello (à direita) governador de Santa Catarina. Foto: Alf Ribeiro (ABPA).

ARIEL ANTONIO MENDES é médico-veterinário, homenageado como Destaque Técnico do Prêmio Lauriston Von Schmidt na cerimônia de abertura do Salão Internacional de Proteína Animal – SIAVS 2024. Foi presidente da UBA (União Brasileira de Avicultura) e da ALA (Associação Latinoamericana de Avicultura). Atualmente, é Presidente da Facta (Fundação de Apoio a Ciência e Tecnologia Avícolas), Presidente da AgroExperts, Membro do Conselho Consultivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Diretor da Divisão de Produtos de Origem Animal da Fiesp e Membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária.