Impacto

Tragédia no Rio Grande do Sul repercute nos preços da proteína animal no estado

Consultora de inteligência de mercado explica os efeitos nos preços de carnes e ovos

Assista ao vídeo e confira a entrevista na íntegra

As intensas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul desde o final de abril causaram danos significativos em diversos setores da economia, incluindo a produção de proteína animal. Para entender melhor esses impactos e as variações nos preços da carne de frango, suína e ovos, no Ligados & Integrados desta segunda (17) conversamos com a Anna Carolina Fercher, consultora de inteligência de mercado.

A pecuária foi um dos setores mais afetados pelas chuvas, resultando em perdas significativas de animais, infraestrutura e logística. Segundo Anna Carolina Fercher, os preços da carne de frango já apresentavam uma tendência de alta desde 2023, estabilizando no início de 2024. 

No entanto, nos últimos meses, especialmente em abril e maio, houve um aumento significativo nos preços. “A nível nacional, o preço do frango subiu cerca de 4%, enquanto no Rio Grande do Sul esse aumento foi ainda maior, chegando a 9%.”

Por outro lado, a carne suína teve uma queda de preços no mesmo período, tornando-se uma alternativa mais econômica para os consumidores. “Os preços dos suínos caíram, o que ajudou a equilibrar a demanda em um cenário de preços elevados de frango”, explicou Anna Carolina.

Mudanças na demanda

A carne suína registrou queda nos preços e passou a ser alternativa mais econômica para os consumidores

A alta nos preços de algumas proteínas de origem animal também alterou o comportamento dos consumidores. Anna Carolina destacou que, com a queda nos preços da carne bovina no início de 2024, muitos consumidores que haviam optado por outras fontes de proteína, como frango e ovos, voltaram a consumir carne bovina. “O mercado ajusta suas escolhas conforme os preços variam, buscando sempre a opção mais vantajosa economicamente.”

A oferta limitada devido às chuvas no Rio Grande do Sul também influenciou os preços. “Quando as exportações estão em alta, a disponibilidade de produtos no mercado interno diminui, aumentando os preços. E tragédias como essa reduzem ainda mais a oferta, impulsionando os preços para cima”, explicou.

Os consumidores, por sua vez, têm adaptado suas escolhas de acordo com as variações de preços. “Eles buscam sempre oportunidades mais vantajosas, optando por cortes mais baratos de bovinos e também aumentando o consumo de ovos, que são uma fonte de proteína acessível”, observou Anna Carolina.

Os dados utilizados para essas análises são coletados a partir de notas fiscais, garantindo uma precisão nas informações sobre consumo e preço. “A coleta desses dados é crucial para entender a demanda e a variação de preços, auxiliando tanto produtores quanto consumidores na tomada de decisão”, disse a consultora.

Tendências para as próximas semanas

Como o agro brasileiro tem se comunicado com o consumidor?
Foto: Jonathan Campos/AEN

Com os ajustes na produção e na cadeia de distribuição, a expectativa é que os preços se estabilizem nas próximas semanas.

“A produção que já estava feita deve ser escoada normalmente, e o abastecimento nos pontos de venda será retomado, trazendo estabilidade aos preços no curto e médio prazos”

Anna Carolina Fercher, consultora da Inteligência de Mercado

Ela também mencionou que a tendência é a normalização dos preços dos ovos, acompanhando a estabilização do mercado de carnes. “Tudo indica que, nas próximas semanas e meses, os consumidores encontrarão preços mais acessíveis para essas proteínas.”

O Ligados & Integrados está na tela do Canal Rural de segunda a quinta-feira às 11h45 e sexta-feira às 11h30.